Sobre lágrimas, corpos e silêncios pedagógicos: transitando entre educação física escolar, sexualidades e gênero
##plugins.themes.bootstrap3.article.main##
Resumo
Este texto trata da objetificação do ‘corpo gay’ como diferente no contexto escolar a partir de experiências corporais vivenciadas nas séries iniciais do Ensino Fundamental, em aulas de Educação Física (EF), de uma escola particular de Goiás. Para isso, o texto divide-se em três momentos: a narrativa autobiográfica do vivido que, por sua vez, objetiva mostrar o quanto a corporeidade é uma aprendizagem coletiva e que a violência praticada pela direção, professora de EF e estudantes para significar o diferente constitui a própria condição de existência do normal; em segundo, um diálogo bibliográfico com teóricos, textos e pensamentos sobre os corpos, gêneros, sexualidades e suas diversidades; e, por último, evocando os dois anteriores, analisamos as impossibilidades nesse meio escolar. Compreendemos, com isso, que a produção do diferente na escola é uma forma de conhecimento e que o fato de não ter as temáticas gênero e sexualidade no currículo, sob a justificativa de pertencer ao ãmbito privado-familiar, não impede que sejam ensinadas. Assim, ao ensinar o que não se reconhece como conhecimento, a escola negligencia humanidades e, ao mesmo tempo, não deixa de assumir a responsabilidade pedagógica que refuta e ignora. Identificamos, ao final, que as visibilidades de corporeidades emergentes não as tornam necessariamente mais compreensíveis e que uma prática pedagógica ampliada e comprometida com os direitos humanos pode possibilitar novas experimentações de existência, de vidas vivíveis.
Downloads
##plugins.themes.bootstrap3.article.details##
La cesión de derechos no exclusivos implica también la autorización por parte de los autores para que el trabajo sea alojado en los repositorios institucionales UNLP (Sedici y Memoria Académica) y difundido a través de las bases de datos que los editores consideren apropiadas para su indización, con miras a incrementar la visibilidad de la revista y sus autores.
Referências
Alliatti, A. (2014). Homossexualidade no esporte: Brasil mantém futebol dentro do armário. GloboEsporte, Rio de Janeiro. Disponível em: http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2014/02/homossexualidade-no-esporte-brasil-mantem-futebol-dentro-do-armario.html.
Altmann, H. (1998). Rompendo fronteiras de gênero: Marias [e] homens da Educação Física. 1998. 110 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
Altmann, H. (2001). Orientação sexual nos Parí¢metros Curriculares Nacionais. Revista Estudos Feministas, 9(2), 575-585. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-026X2001000200014&script=sci_abstract&tlng=pt.
Anjos, L. A. (2015). “Ví´lei masculino é para homem”: representações do homossexual e do torcedor a partir de um episódio de homofobia. Movimento, Porto Alegre, 21(01), 11-24.
Bandeira, G. A. (2016). “A homofobia no futebol é um problema novo?”. In: Manera, D. M. S. (orga.). Relatório anual da discriminação racial no futebol. Observatório da Discriminação Racial do Esporte, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança/UFRGS, Porto Alegre. Disponível em: https://observatorioracialfutebol.com.br/Relatorios/2016/RELATORIO_DISCRIMINCACAO_RACIAL_2016.pdf
Bondía, J. L. (2002). Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação, 19, 20-28. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbedu/n19/n19a02.pdf
Borrillo, D. (2010). Homofobia: história e crítica de um preconceito. Belo Horizonte: Autêntica Editora.
Brasil. (1997). Parí¢metros curriculares nacionais: introdução aos parí¢metros curriculares nacionais. Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/SEF. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf.
Brito, L. T. & Santos, M. P. (2013). Masculinidades na Educação Física escolar: um estudo sobre os processos de inclusão/exclusão. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, 2(27), 235-246. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rbefe/article/view/58564.
Britzman, D. P. (1996). O que é esta coisa chamada amor: identidade homossexual, educação e currículo. Educação e Realidade. 21(1), 71-96. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/71644.
Butler, J. (2001). Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do ‘sexo’. In: Louro, G. (orga). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. (2 ed., pp. 151-172). Belo Horizonte: Autêntica.
Butler, J. (2015). Problemas de gênero:feminismo e subversão da identidade. 8. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Butler, J. (2019). Atos performáticos e a formação dos gêneros: um ensaio sobre fenomenologia e teoria feminista. In: Hollanda, H. B. (orga.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. (pp. 213-230). Rio de Janeiro: Bazar do Tempo.
Caetano, M. (2013). Movimentos curriculares e a construção da heteronormatividade. In: Rodrigues, A. & Barreto, M. A. S. C. (orgs). Currículo, gêneros e sexualidades: experiências misturadas e compartilhadas. (pp. 63-82). Vitória/ES: Edufes.
Castellani Filho, L. (1994). Educação física no Brasil: a história que não se conta. 4 ed. Campinas: Papirus.
César, M. R. de A. (2012). A diferença no currículo ou intervenções para uma pedagogia. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, 14(1), 351-362. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/etd/article/view/1257.
Coletivo de autores. (1992). Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez.
Courtine, J. J. (1995). Os Stakanovistas do Narcisismo. In: Sant ´anna, D. B. de. Políticas do Corpo. (p. 81-114). São Paulo: Estação Liberdade.
Cunha Junior, C. F. & Melo, V. A. (1996). Homossexualidade, educação física e esporte: primeiras aproximações. Movimento, 3(5), 18-24. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/2229/937.
Devide, F. P. (2005). Gênero e mulheres no esporte: história das mulheres nos Jogos Olímpicos Modernos. Ijuí: Ed. Unijuí.
Devide, F. P. (2020). Livro CBCE 2020. Estudos de gênero na Educação Física brasileira: entre ameaças e avanços, na direção de uma pedagogia queer. In: Wenetz, I. & Athayde, P. & Lara, L. (Orgs.). Gênero e sexualidade no esporte e na educação física [recurso eletrí´nico]. (pp. 91-106). Natal: Edufrn.
Dias, A. F. & Cruz, M. H. S. (2015). A produção/reprodução do corpo generificado na escola. Cad. Pes., 22(3), 25-41 Disponível em: https://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/cadernosdepesquisa/article/view/3295/2215
Dornelles, P. G. (2013). A (hetero)normalização dos corpos em práticas pedagógicas da Educação Física escolar. 2013. 193 folhas. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação, Porto Alegre.
Foucault, M. (1979). Microfísica do Poder. 19 ed. Rio de Janeiro: Graal.
Foucault, M. (2001). Os anormais: curso no Collège de France (1974 – 1975). São Paulo: Martins Fontes.
Foucault, M. (2004). Ética, sexualidade, política. Coleção Ditos e Escritos V. Rio de Janeiro: Forense Universitária.
Foucault, M. (2006). Estratégia, poder-saber. Coleção Ditos e Escritos IV. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária.
Foucault, M. (2014). Vigiar e punir: nascimento da prisão. 42 ed. Petrópolis: Vozes.
Franzini, F. (2005). Futebol é “coisa para macho”? Pequeno esboço para uma história das mulheres no país do futebol. Revista Brasileira de História. São Paulo, 25(50), 315-328. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882005000200012.
Freire, P. (2005). Pedagogia do oprimido. 46 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Ghiraldelli Junior, P. (1989). Educação física progressista: a pedagogia crítico-social dos conteúdos e a Educação Física brasileira, São Paulo: Loyola.
Goellner, S. V. (2003). Bela, maternal e feminina: imagens da mulher. Ijuí: Unijuí.
Goellner, S. V. (2005). Mulheres e futebol no Brasil: entre sombras e visibilidades. Revista Brasileira de Educação Física e Esportes. São Paulo, 19(2), 143-151.
Gonçalves, E. & Mello, L. (2017). Gênero - vicissitudes de uma categoria e seus “problemas”. Ciência e Cultura, São Paulo, 69(1), 26-30. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252017000100012.
Gonçalves, E. & Pinto, J. P. & Borges, L. (2013). Imagens que falam, silêncios que organizam: sexualidade e marcas de homofobia em livros didáticos brasileiros. Currículo sem Fronteiras, 13(2), 35-61.
Honneth, A (2003). Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Paulo: Editora 34.
Hooks, B. (2017). Ensinando a transgredir. a educação como prática da liberdade. 2 ed. Trad. Marcelo Cipolla. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes.
Jaeger, A. A. & Venturini, I. V. & Oliveira, M. C. de & Valdívia-Moral, P. & Silva, P. (2019). Formação profissional em Educação Física: homofobia, heterossexismo e as possibilidades de mudanças na percepção dos(as) estudantes. Movimento, Porto Alegre, 25. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/88681/53084.
Kropeniscki, F. B. & Costa, M. R. F. (2013). Homofobia mascarada: reflexões sobre discursos discentes. Seminário Internacional Fazendo Gênero 10. ANAIS ELETRí”NICOS, Florianópolis. Disponível em: http://www.fg2013.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/20/1381507863_ARQUIVO_FernandaBattagliKropeniscki.pdf
Louro, G. L. (1997). Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 6. ed. Rio de Janeiro: Vozes.
Louro, G. L. (2008). Gênero e sexualidade: pedagogias contemporí¢neas. Pro-Posições.19(2), 17-23. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/pp/v19n2/a03v19n2.pdf.
Louro, G. L. (2001). Pedagogias da sexualidade. In: Louro, G. L. (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. 4. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora.
Medina, J. S. (1986). A educação física cuida do corpo e... “mente”: bases para a renovação e transformação da Educação Física. Campinas: Papirus.
Mendes, M. I. B. de S. & Nóbrega, T. P. (2009). Cultura de movimento: reflexões a partir da relação entre corpo, natureza e cultura. Pensar a Prática, 12(2). Disponível em: https://doi.org/10.5216/rpp.v12i2.6135.
Miskolci, R. (2012). Teoria queer: um aprendizado pelas diferenças. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica.
Moreira, A. F. B. & Candau, V. M. (2007). Currículo, conhecimento e cultura. In: ____. Indagações sobre currículo: currículo, conhecimento e cultura. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica.
Moraes e Silva, M. (2008). Entre a ilha deserta e o arquipélago: mapeamentos e cartografias das percepções de professores(as) sobre as masculinidades produzidas nas aulas de Educação Física. 215 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal do Paraná, Curitiba.
Nicolino, A. (2018). Gênero nos currículos da formação docente em Educação Física no Brasil. In: Marlucy A. P. e Caldeira, M. C. S. (Orgas.). Pesquisas sobre currículos, gêneros e sexualidades. (pp. 73-92). Belo Horizonte: Mazza.
Nicolino, A. & Paraíso, M. (2018). Escolarização da sexualidade: o silêncio como prática pedagógica da Educação Física. Movimento. Porto Alegre, 24(1), 93-106.
Nicolino, A. (2020). “Posso falar?” A profilaxia pedagógica e a desordem dos gêneros! Um estudo sobre os discursos produzidos no campo da Educação Física. In: Wenetz, I. & Athayde, P. & Lara, L. (Orgs.). Gênero e sexualidade no esporte e na educação física [recurso eletrí´nico]. Natal: Edufrn.
Nolasco, S. (1993). O mito da masculinidade. Rio de Janeiro: Rocco.
Observatório. (2018). 16 homens gays e bis contam como é sua relação com futebol. Observatório da discriminação racial no futebol, 02 de junho de 2018. Disponível em: https://observatorioracialfutebol.com.br/16-homens-gays-e-bis-contam-como-e-sua-relacao-com-futebol/
Pinto, J. P. (2004). Os gêneros do corpo: para começar a entender. In: Gonçalves, E. (Org.). Desigualdades de gênero no Brasil: reflexões e experiências. Goií¢nia: Grupo Transas do Corpo.
Prado, V. M. & Ribeiro, A. I. M. (2016). Escola, homossexualidades e homofobia: rememorando experiências na Educação Física escolar. Revista Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, 24(1), 97-114.
Prado, V. M. (2017). Entre queerpos e discursos: normalização de condutas, homossexualidades e homofobia nas práticas escolares da Educação Física. Práxis Educativa, Ponta Grossa, 12(2), 501-519.
Preciado, P. (2020). Aprendiendo del vírus. El País, 28 de março de 2020. Disponível em: https://elpais.com/elpais/2020/03/27/opinion/1585316952_026489.html
Ranniery, T. (2018). Manifesto Beyoncé no currículo: a força da música e o brilho erótico do corpo que dança. In: Marlucy A. P. e Caldeira, M. C. S. (Orgas.). Pesquisas sobre currículos, gêneros e sexualidades. (pp. 199-218). Belo Horizonte: Mazza.
Rodrigues, A. P. (2018). “Que time é teu?”: um debate sobre homofobia nas aulas de Educação Física. In: Rodrigues, A. P. (Org.). Educação Física na Escola Básica: debates contemporí¢neos. (pp. 113-136). Porto Alegre, RS: Editora Fi.
Rodrigues, A. P. (2017). A homofobia nas aulas de Educação Física: com a palavra os alunos. Lecturas: Educación Física y Deportes, Buenos Aires, 22(228). Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd228/a-homofobia-das-aulas-de-educacao-fisica.htm.
Romero, E. (1994). A educação física a serviço da ideologia sexista. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 15(3), 226-234.
Santaella, L. (2004). Corpo e comunicação: sintoma da cultura. São Paulo: Paulus.
Santos, L. N. (2008). Corpo, gênero e sexualidade: educar meninas e meninos para além da homofobia. 2008. 136 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
Silva, A. M. (2001). Corpo, ciência e mercado: reflexões acerca da gestão de um novo arquétipo da felicidade. Autores Associados: Editora da UFSC.
Silva Junior, P. M. & Caetano, M. (2017). Narrativas em primeira pessoa: experiências docentes, gênero e sexualidades. Periferia: Educação, Cultura & Comunicação, 9(2), 38-58. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/periferia/article/view/29379.
Silva Júnior, J. A. (2016). Torcer, retorcer, distorcer e destorce: notas sobre futebol, homofobia e pertencimento. II Simpósio Internacional Futebol, Linguagem, Artes, Cultura e Lazer. Disponível em: http://www.gefut.com.br/gefut/images/artigo/files/Anais%20Simp%C3%B3sio%20Final.pdf
Silvestrin, J. M. P. (2013). Perform(atividade) na escola: reflexões sobre gênero na Educação Física. Dissertação (Mestrado em Educação Física) − Universidade Federal de Santa Catarina. Faculdade de Educação Física. Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Florianópolis.
Soares, C. L. (2001). Educação Física: raízes européias e Brasil. 2 ed. Campinas: Autores Associados.
Soares, C. L. (2003). Do corpo, da Educação Física e das muitas histórias. Movimento, 9(3), 125-147.
Soares, C. L. (2011). As roupas nas práticas corporais e esportivas: a educação do corpo entre o conforto, a elegí¢ncia e a eficiência (1920-1940). Campinas: Autores Associados.
Souza, C. A. M. & Vaz, A. F. & Bartholo, T. L. & Soares, A. J. G. (2008). Difícil reconversão: futebol, projeto e destino em meninos brasileiros. Horizontes Antropológicos, 14(30), 85-111. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832008000200004.
Veiga-neto, A. (2008). Dominação, violência, poder e educação escolar em tempos de Império. In: Rago, M. & Veiga-neto, A. (Orgs.). Figuras de Foucault. 2. ed. Belo Horizonte: Editora Autêntica.
Welzer-lang, D. (2001). A construção do masculino: dominação das mulheres e homofobia. Estudos Feministas, 9(2), 460-482. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ref/v9n2/8635.
Zoboli, F. (2012). Cisão corpo/mente: espelhos e reflexos nas práxis da educação física. São Cristóvão: Editora UFS.