Artículos
Motivos sobre aprática do voleibol: comparação entre estudantes de escolas pública e privada
Resumo: Este estudo teve como objetivo identificar os fatores motivacionais que influenciam a permanência de praticantes de voleibol entre estudantes do sexo feminino de duas escolas em Corumbá-MS. Participaram 20 atletas, com idades entre 12 e 14 anos, divididas igualmente entre as escolas. A motivação para a prática do voleibol foi avaliada por meio de um questionário adaptado, com 18 perguntas fechadas de escala Likert em três níveis. Os resultados mostram diferentes motivações entre as participantes, com as alunas da escola pública focando mais na excelência esportiva e carreira, enquanto as da escola privada priorizam saúde e exercício físico. Essas discrepâncias na motivação entre alunas de escolas distintas, apesar de condições estruturais semelhantes, destacam a importância de compreender tais fatores para orientar práticas pedagógicas e treinamentos futuros, visando promover ambientes que favoreçam o desenvolvimento das atletas de voleibol.
Palavras-chave: Atletas, Aderência, Treinamento, Escola.
Reasons for volleyball practice: a comparison between public and private school students
Abstract: This study sought to identify the motivational factors that influence the continued participation of female volleyball players among students from two schools in Corumbá, Mato Grosso do Sul (MS), Brazil. Twenty athletes aged 12 to 14 participated in the study, equally divided between the two schools. Motivation for volleyball practice was assessed through an adapted questionnaire consisting of 18 closed-ended Likert-scale questions with three response levels. The results revealed differing motivations among the participants, with public school students focusing more on sports excellence and pursuing a career in volleyball, while private school students prioritized health and physical activity. These discrepancies in motivation, despite similar structural conditions, highlight the importance of understanding such factors to guide pedagogical practices and future training, with the goal of fostering environments that support the development of volleyball players.
Keywords: Athletes, Adherence, Training, School.
Motivaciones para la práctica del voleibol: comparación entre estudiantes de escuelas públicas y privadas
Resumen: Este estudio tuvo como objetivo identificar los factores motivacionales que influyen en la permanencia de jugadores de voleibol entre estudiantes del sexo femenino de dos escuelas en Corumbá, MS. Participaron 20 atletas, con edades entre 12 y 14 años, divididas equitativamente entre las escuelas. La motivación para la práctica del voleibol se evaluó por medio de un cuestionario adaptado, con 18 preguntas cerradas de escala Likert en tres niveles. Los resultados muestran diferentes motivaciones entre las participantes, con las alumnas de la escuela pública enfocándose más en la excelencia deportiva y la carrera, mientras que las de la escuela privada priorizan la salud y el ejercicio físico. Estas discrepancias en la motivación entre alumnas de escuelas distintas, a pesar de poseer condiciones estructurales similares, destacan la importancia de comprender tales factores para orientar prácticas pedagógicas y entrenamientos futuros, con el objetivo de promover ambientes que favorezcan el desarrollo de las jugadoras de voleibol.
Palabras clave: Atletas, Adherencia, Entrenamiento, Escuela.
Introdução
O voleibol, enquanto esporte coletivo, é reconhecido mundialmente como um fenômeno que atinge grande parcela da população, uma vez que oportuniza uma forma de lazer, passatempo ou uma atividade profissionalmente exercida pelo ser humano (Weinberg e Gould, 2011). A mesma modalidade possui ainda aspectos emocionais fortemente envolvidos que ultrapassam todos os outros esportes coletivos em matéria de tensão, pois as equipes não possuem contato físico e encontram-se separadas por uma rede (Feijó, 1998).
Outro ponto marcante é a motivação sobre a prática da modalidade de voleibol, já que ela, por exemplo, desempenha um papel importante na vivência desse esporte. Ao ser aprofundado esse ponto, o mesmo ajuda os envolvidos na prática da modalidade, especialmente ao considerá-la como uma parte da avaliação pessoal de atletas, algo que pode contribuir na compreensão sobre a adesão, continuidade, manutenção e identificação das razões que envolvem o abandono de sua prática.
Ao considerar os aspectos anteriores, já se sabe que alguns estudos indicam que os motivos mais comuns apontados pelos jovens para adesão ao esporte se enquadram em quatro categorias: diversão, competência, afiliação e aptidão física (Weiss y Ferrer-Caja, 2002). Ou seja, eles participam do esporte porque se divertem, se empenham para alcançar a competência desejada, apreciam estar ao lado de amigos e conhecer pessoas novas e, além disso, procuram melhorar a capacidade física (Williams, 2013).
Vale destacar que, atualmente, há um aumento dos estudos que abordam temas relacionados aos aspectos psicológicos nos ambientes esportivos, especialmente relacionados à motivação e aos motivos para prática esportiva, sendo que ambos os termos são interconectados e, em algum momento, acabam sendo usados de forma comum ou tratados como sinônimos. Contudo, os significados são diferentes nas suas essências, sendo o termo motivo ficando mais ligado a razão, num comportamento particular, algo que impulsiona alguém agir e, por outro lado, a motivação está mais relacionado as incitações que levam a pessoa a colocar em prática os motivos selecionados para alcançar um objetivo específico (Guedes y Mota, 2016).
Segundo Samulski (2002), a motivação é descrita como um processo que visa o alcance de metas ou objetivos, os quais estão relacionados a fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos). Conforme Vallerand (2007) e Peixoto et al. (2019), no âmbito esportivo, a motivação intrínseca envolve a busca por satisfação pessoal na prática em si, sem depender de estímulos externos. Já a motivação extrínseca está associada a recompensas tangíveis ou intangíveis, como prêmios, reconhecimento público, contratos vantajosos, entre outros.
Deste modo, a motivação e os motivos para a prática esportiva são fatores essenciais para o desenvolvimento e a perseverança dos atletas em sua jornada esportiva (Rattay, 2015; Lorscheiter y Rother, 2022). Compreende-se que no contexto do voleibol, especialmente o praticado por meninas nas escolas, é crucial entender melhor os diversos motivos que influenciam as atletas amadoras a seguirem uma carreira esportiva. Nesse sentido, Cruz (2016) indica que os caminhos para o crescimento e melhoria no desempenho esportivo estão relacionados a diversos fatores, como o psicológico, técnico, tático e físico. Entretanto, antes desse processo, deve-se observar quais os verdadeiros fatores motivacionais levam as pessoas a procurarem iniciar a prática esportiva, como exemplos: o prazer, a diversão ou até mesmo a estética.
Becker e Samulski (2002) entendem que a motivação pode se apresentar subdividida em: estudos das razões pelas quais se escolhe uma atividade e não outra; e razões pelas quais se realizam ações com diferentes graus de intensidade. As razões pelas quais um atleta escolhe um esporte e dele participa com um grau de competência podem ser influenciadas por experiências primitivas, situações e pessoais mais recentes. Os motivos que levam um indivíduo a desempenhar um determinado esporte são formados por uma combinação de acontecimentos passados e próximos, ambos atuando sobre a consciência do atleta e classificando-se interna e externamente.
Indivíduos que são intrinsecamente motivados, proporcionam prazer em sua realização e, por isso, são levados a um estado de profundo envolvimento e a ter um sentimento intenso de alegria e satisfação pessoal (Cratty, 1984). O esporte como agente socializador externo introduz hábitos e regras sociais que serão úteis para a vida dos atletas, sendo ele imprescindível no desenvolvimento físico, psíquico e emocional de seus praticantes, gerando impacto na formação do caráter.
Holt e Hoar (2006) destacam que, em uma equipe de voleibol feminino, a motivação social tem um impacto direto no envolvimento das jogadoras e na escolha de uma carreira esportiva. Isso pode envolver o apoio e encorajamento de treinadores, colegas de equipe, familiares e fãs. Além disso, a identificação com modelos de sucesso e a inspiração de atletas profissionais também podem influenciar positivamente a motivação das jovens atletas.
Porém, é importante ter em mente o alerta feito por Zambrin et al. (2015) acerca da importância de tomar cuidado ao aspirar a excelência nos cenários esportivos entre os indivíduos mais novos, uma vez que essa atitude em buscar resultados imediatos, como vitórias em um curto espaço de tempo, pode conduzir a uma falta de motivação em um momento posterior.
Dessa forma, ao considerar esses elementos conceituais, este trabalho teve como objetivo geral a identificação dos fatores motivacionais que determinam a permanência de praticantes no voleibol entre estudantes do sexo feminino (atletas escolares), oriundas de duas escolas, sendo uma pública e uma privada, na cidade de Corumbá no Mato Grosso do Sul (MS).
Metodologia
O delineamento da pesquisa caracteriza-se como descritivo, apresentando análise e descrição objetiva e completa do fenômeno estudado (Thomas y Silverman, 2009). A pesquisa de campo teve uma condição inédita ao considerar os materiais já publicados e o contexto regional do estudo, em especial ao analisar as meninas praticantes do voleibol (atletas escolares) na cidade de Corumbá-MS.
O estudo buscou entender como as participantes de treinamentos escolares percebem a motivação para praticar o esporte, explorando e comparando as experiências de alunas provenientes de duas escolas, uma pública e outra privada. As instituições foram escolhidas pela conveniência, a localização central na cidade e por compartilharem condições semelhantes de estrutura. Essa semelhança se estende ao uso do mesmo espaço e materiais para os treinamentos, além de contarem com a mesma professora responsável por coordenar as atividades de ambas as equipes. Além disso, as aulas de treinamento esportivo de voleibol eram realizadas fora do contexto curricular regular das escolas, sendo que aconteciam duas vezes por semana e eram oferecidas gratuitamente nas duas instituições.
No que diz respeito ao grupo amostral, foram convidadas a participar do estudo todas as atletas escolares pertencentes às equipes femininas de voleibol, tanto da escola pública quanto privada, que praticavam o esporte de maneira amadora. Considera-se atleta amador ou não profissional aquele que exerce a prática esportiva de forma livre, sem vínculo formal de trabalho ou contrato com qualquer entidade esportiva.
A participação das atletas na pesquisa foi espontânea, a convite dos pesquisadores, e seguiu os critérios éticos, além de adotar alguns critérios de seleção. Assim, neste estudo, participaram da amostra final 20 atletas escolares de voleibol, com idades entre 12 e 14 anos, do sexo feminino, sendo 10 de cada tipo de escola (privada e pública). Para serem incluídas na pesquisa, as alunas precisavam estar ativas no projeto, serem assíduas nas atividades da professora, bem como deveriam integrar a equipe de treinamento por, pelo menos, seis meses. Foram excluídas as alunas que estavam na equipe por menos de seis meses, as menores de 12 anos e as maiores de 14 anos, além das que faltaram no dia da coleta de dados.
Instrumento para coleta de dados
A coleta de dados foi realizada durante o segundo semestre de 2023, por meio do Inventário de Motivação para a Prática desportiva elaborado por Gaya e Cardoso (1998) e adaptado do trabalho de Souza et al. (2012).
No processo de adequação do instrumento de pesquisa, foram definidas, por conveniência, 18 questões (alternativas) com três opções de resposta cada, em escala Likert (NADA importante / POUCO importante / MUITO importante). O material ajustado visou dar possibilidade de que cada respondente tenha a alternativa em cada extremo (NADA importante ou MUITO importante) ou indicar a parte mediada (POUCO importante) da escala, sendo que a coleta foi realizada em três sessões, em ambiente esportivo escolar.
Para os resultados, foram consideradas as questões que apresentaram maior frequência de respostas. O instrumento utilizado possibilitou a visualização dos resultados em valores absolutos ou relativos (percentual), perfazendo uma escala que varia de 18 a 54 (score absoluto) ou de 0 a 100 (scores relativos). Assim, a interpretação dos dados obtidos de cada atleta foi realizada de maneira uniforme, em que os maiores valores atribuídos ao comportamento dos motivos para a prática do esporte constituem suas maiores atribuições/aspirações. Para essa análise foi utilizada a estatística descritiva por meio de frequências absoluta e relativa.
Resultados e discussão
Conforme os resultados da pesquisa de campo, considerando as questões assinaladas, percebeu-se que, de modo geral, as atletas das escolas (Pública e Privada) têm como principal motivação a questão intrínseca, relacionada a uma motivação pessoal para a prática do Voleibol.
Segundo Vallerand (2007) e Peixoto et al. (2019), o desejo intrínseco de se envolver em um esporte é impulsionado pelo prazer, interesse e satisfação que ele proporciona. Ainda, segundo os autores, estudos mostram que a motivação intrínseca está positivamente ligada à persistência e engajamento dos atletas em suas carreiras esportivas. Por exemplo, no contexto do voleibol feminino escolar estudado, algumas dessas atletas podem ser motivadas intrinsecamente pela paixão ao esporte, prazer na competição, desejo de aprimorar habilidades e senso de realização pessoal.
Segundo Cratty (1984), pessoas que têm motivação intrínseca tendem a ser mais persistentes, alcançar níveis de desempenho superiores e realizar mais tarefas em comparação com aquelas que dependem de estímulos externos. Além disso, Samulski, Chagas e De Souza (1995) entendem que os agentes socializantes influenciam o interesse dos jovens pelo esporte, sendo vistos como fontes de estímulo externo. Assim, observou-se que o atleta competitivo, em contextos em que o aluno pode demonstrar suas habilidades, seja em um jogo, uma prova ou um confronto entre dois ou mais competidores, tende a valorizar mais as recompensas externas. Por outro lado, o atleta cooperativo, que prioriza aspectos como união e solidariedade em vez da competição, dá maior importância às recompensas internas. Na sequência da pesquisa, no que diz respeito às categorias motivacionais das atletas amadoras femininas da escola pública sobre a prática do voleibol em escala de importância, os resultados (Figura 1) demonstram que as razões mais apontadas como MUITO Importantes são: “para ser o melhor no esporte”; “para desenvolver habilidades”; “para vencer”; “para manter a saúde”; “porque eu gosto e para ser um atleta”. Por outro lado, as mais mencionadas como NADA Importantes foram: “para emagrecer”, “para brincar”; “para ter bom aspecto corporal”; “para fazer novos amigos”.
Por conseguinte, observa-se o motivo “para vencer” (Figura 1) com um valor muito próximo das categorias destacadas como MUITO importante, o que pode ser interpretado com preocupação para a faixa etária, ou seja, há uma precocidade no que se refere à motivação esportiva para a vitória em uma idade na qual se deveria introduzir o esporte como meio de iniciação/participação e não como finalização de um processo competitivo para a busca de resultados. Tal resultado, deve ser visto com atenção pelos professores/técnicos da modalidade uma vez que uma derrota indesejada pode levar o jovem ao abandono precoce da modalidade (Zambrin et al., 2015).
Também foram aplicados os mesmos critérios da escola pública à escola privada (Figura 2), onde os itens mais assinalados como MUITO Importante foram: “para exercitar-se”; “para manter a saúde”; “para desenvolver habilidades”. Por outro lado, os mais assinalados como NADA Importante foram: “para brincar”; “para ter bom aspecto”; “para emagrecer”.
Nesse caso, é destacado que os dados mais relevantes, considerando aqueles que indicaram 90% superior, isto é, para MUITO Importante como fator motivacional na escola pública, ficaram os seguintes: “para ser o melhor no esporte”; “para desenvolver habilidades”. Enquanto na escola privada, as motivações mais expressivas, também chegando à porcentagem de 90%, foram: “para exercitar-se”; “para manter a saúde”.
Assim, percebe-se uma diferença na motivação que levou os indivíduos a praticar essa modalidade ao comparar a escola pública, onde suas alunas buscam aprimorar a técnica e performance no voleibol. Já na escola privada, os principais motivos das atletas incluem “ficar em forma”, “melhorar o aspecto corporal” e “cuidar da saúde”. Esses resultados estão alinhados com Rattay (2015) e Lorscheiter e Rother (2022), que afirmam que a prática esportiva é motivadora no desenvolvimento de habilidades comportamentais, formação de laços interpessoais e amizades, além de incentivar o aprimoramento técnico e a manutenção da saúde corporal.
Além disso, a comparação dos motivos para a prática esportiva de estudantes de escola pública e privada tem sua relevância especialmente na diferença do nível socioeconômico entre as alunas dos dois tipos de escolas, uma vez que os fatores socioeconômicos apresentam relação direta com a prática de esporte (White y Mcteer, 2012), o ambiente no qual o indivíduo está exposto influencia na sua percepção em relação ao esporte (Paim, 2001) e o clima social atua diretamente no desempenho esportivo e no desejo individual, sendo estes fatores fundamentais para a aprendizagem esportiva (Santos, Da Silva y Hirota, 2008).
Outro ponto considerável a ser observado, enquanto resultado do questionário analisado, foi a alternativa “para fazer novos amigos” assinalada pelas respondentes. Nesse ponto foi observado que as respondentes relatam de forma diferente ao comparar as respostas entre as escolas. Os dados na escola pública apontam que as meninas não dão muita importância para a questão de “fazer novos amigos”, diferente da escola privada, na qual as atletas apontam que 70% assinalaram como algo muito relevante para elas. Os achados, de certa forma, indicam que as atletas da escola pública tendem a se preocupar mais com a sua “carreira” esportiva, no sentido de uma possibilidade na modalidade de Voleibol, enquanto as da escola privada tendem a ter uma preocupação maior com a saúde e as relações sociais no ambiente de treino no referido esporte. Esses achados corroboram com a literatura que demonstra que as garotas tendem a serem mais atraídas por atividades de participação, com cunho de benefício social (Sirard, Pfeiffer y Pate, 2006).
Embora esses dados possam indicar motivos distintos para a prática esportiva, Williams (2013) salienta que a força motivacional que expressa o desejo e a determinação de uma pessoa em permanecer em um esporte pode variar ao longo do tempo, sendo determinante o nível de comprometimento dos indivíduos em relação ao comportamento em termos de escolha, persistência e esforço.
Em outro ponto dos resultados, pode-se destacar a semelhança nas respostas do item “para ser um atleta” obtendo grande relevância no quesito “MUITO Importante” para ambas as escolas, sendo aferidos 80% de apontamentos na escola pública e 70% na escola privada. Da mesma forma, o item “para desenvolver habilidades” teve uma expressiva escolha para as duas escolas, sendo 90% na pública e 80% na privada. Esses resultados associados demonstram uma certa expectativa das meninas em melhorarem sua performance individual e certo projeto (desejo) de ser atleta de destaque na modalidade. Rattay (2015) considera importante a compreensão desse fenômeno, até para tentar compreender quais os reais fatores motivacionais que levam os praticantes esportivos a ingressar, manter-se e projetar expectativas futuras, facilitando a elaboração e promoção de ações de melhor suporte emocional para as atletas.
Por outro lado, foi observado uma aparente baixa motivação das atletas de ambas as escolas (pública e privada) quanto às respostas do item “Para brincar”. Dentro das 3 escalas de aferição, 80% das atletas da escola pública e 70% da escola particular responderam como “Nada Importante” e “Pouco Importante” a presença do lúdico, na prática do treinamento de voleibol. Pereira e Dias (2020) expõem que o processo que envolve o desenvolvimento de uma criança/adolescente deve incluir a ludicidade por ser algo próprio da idade, inclusive como ferramenta motivacional. Para isso, é relevante procurar orientar e alinhar a prática do treinamento esportivo com novas descobertas e aprendizados, evitando assim o excesso de cobranças e, consequentemente, possíveis frustrações futuras.
Ainda que o fator estético não tenha sido explicitamente mencionado no questionário, pode-se considerar o item “Manter o corpo em forma” como um indicador chave para analisar o impacto motivacional do padrão estético nas atletas escolares de voleibol investigada. Portanto, aproximadamente 60% das atletas da escola pública consideraram a manutenção do corpo em forma como muito importante, enquanto apenas 40% das da escola particular concordaram com essa afirmação. Observou-se uma dinâmica semelhante com o item “Ter bom aspecto corporal”, embora em uma escala diferente. No entanto, é interessante ressaltar que esses aspectos não estão associados à ideia de se tornar magra, já que ambos os grupos indicaram “NADA importante” para esta questão. Essas conclusões estão alinhadas com as pesquisas de Lorscheiter e Rother (2022), que priorizam a saúde corporal.
No que diz respeito ao culto ao corpo, este aspecto tem sido valorizado como um forte fator motivador para a adesão e aderência às práticas esportivas, especialmente entre o público feminino, que busca constantemente informações através da televisão, filmes, internet, entre outros meios que enfatizam dicas de estética (Cruz, 2016). Não se pode negar que, para adolescentes do sexo feminino, os cuidados estéticos são de fato motivadores para a prática esportiva em escolas, escolinhas esportivas e clubes profissionais. No entanto, é fundamental manter um diálogo crítico constante sobre temas como estética, saúde e mídia, incentivando a participação das alunas nas atividades esportivas de forma consciente e saudável para a vida adulta, promovendo atitudes de cooperação, autoconfiança e valorização da autoestima.
É importante ter em mente que todos os instrumentos de pesquisa apresentam restrições, assim como o modelo empregado nesta análise específica. Na ocasião, não foi viável examinar os detalhes sociodemográficos e históricos dos participantes, aspectos que teriam enriquecido consideravelmente as conclusões obtidas. Todavia, mesmo diante dessas limitações, acredita-se que o instrumento utilizado proporcionou uma panorâmica abrangente do grupo em estudo, em circunstâncias estruturais similares, servindo de alicerce sólido para investigações vindouras.
Conclusões
Com base nos dados apresentados neste estudo, pode-se observar que os principais motivos para a prática do voleibol na idade escolar foram: "ser o melhor no esporte" e "desenvolver habilidades" por alunas de escola pública, e "exercitar-se" e "manter a saúde" por alunas de escola privada. Em geral, as principais aspirações para a prática do voleibol, de acordo com a natureza da instituição de ensino (pública ou privada), estão associadas ao aprimoramento de habilidades técnicas e à promoção da saúde física.
Os elementos mencionados na pesquisa representam apenas uma pequena parte das diversas influências motivacionais que impulsionam as jogadoras de voleibol feminino nas instituições de ensino a adotar a prática esportiva, seja visando a melhoria da saúde ou buscando uma carreira de destaque no esporte. É crucial entender que a motivação é singular e varia de jogadora para jogadora, independentemente do ambiente onde o esporte é praticado (público ou privado).
Ao compreender os diferentes tipos de motivação e suas interações, treinadores, educadores e outros profissionais ligados ao voleibol feminino escolar podem criar ambientes de apoio que incentivem as jovens jogadoras a perseguir seus sonhos atléticos com motivação e paixão.
Este estudo buscou contribuir sobre o tema ao abordar um contexto esportivo específico, oferecendo discernimento sobre os motivos que levam as atletas a praticarem voleibol para os treinadores e profissionais envolvidos no voleibol feminino escolar na região estudada. Ao reconhecer e valorizar os diferentes "impulsos" que motivam as jogadoras, é possível criar ambientes mais enriquecedores e sustentáveis, promovendo não apenas a excelência esportiva, mas também o bem-estar e o desenvolvimento pessoal das praticantes de voleibol.
Declaração de autoria
Redação - revisão e edição: Michelle Verzas Climaco, Rita de Cássia Elias Braga, Carlo Henrique Golin, Gilson Pacola, Lidyane Ferreira Zambrin
Investigação: Michelle Verzas Climaco, Rita de Cássia Elias Braga
Administração do projeto – Curadoria dos dados e Supervisão: Carlo Henrique Golin
Curadoria dos dados:Gilson Pacola
Conceitualização: Lidyane Ferreira Zambrin
Referências bibliográficas
Becker, B. & Samulski, D. (2002). Manual de treinamento psicológico para o esporte. Feevale.
Cratty, B. J. (1984). Psicologia no esporte. Prentice-hall do Brasil.
Cruz, A. C. (2016). Estilo de vida e motivos para a prática do voleibol feminino. Repositório Institucional- UFSC.
Feijó, O. G. (1998). Psicologia para o esporte. Shape.
Gaya, A. C. A. & Cardoso, M. F. D. S. (1998). Os fatores motivacionais para a prática desportiva e suas relações com o sexo, idade e níveis de desempenho desportivo. Revista Perfil, 2, 40-52.
Guedes, D. P. & Mota, J. D. S. (2016). Motivação: educação física, exercício físico e esporte. Editora Unopar, 261.
Holt, N. L. & Hoar, S. (2006). O clima motivacional no esporte juvenil: Influências do treinador, dos pais e dos pares na motivação de participantes especializados em esportes. Journal of Applied Sport Psychology, 18(3), 237-254.
Lorscheiter, T. A. & Rother, R. L. (2022). Aspectos motivacionais na carreira esportiva de atletas de voleibol feminino de base: Motivational aspects in the sports career of female volleyball athletes. Europub Journal of Health Research, 3(2), 162-175.
Paim, M. C. C. (2001). Fatores motivacionais e desempenho no futebol. Revista da Educação Física/UEM, 12(2), 73-79.
Peixoto, E. M., Viana-Meireles, L. G., Campos, C. R., Oliveira, L. P. & Palma, B. P. (2019). Indicadores de motivação e paixão para prática esportiva em atletas brasileiros: um estudo sob a ótica da autodeterminação. Psicologia Revista, 27, 563-589.
Pereira, F. K. & Dias, N. (2020). A importância das atividades lúdicas na iniciação esportiva. Caderno Intersaberes, 9(17).
Rattay, L. V. (2015). Fatores motivacionais que levam jovens a praticar voleibol. [Tesis de grado] Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul.
Samulski, D. M. (2002). Psicologia do Esporte. Editora Manole.
Samulski, D. M., Chagas, M. H. & De Souza, P. A. (1995). Psicologia do esporte: teoria e aplicação prática. Universidade Federal de Minas Gerais.
Santos, L. B., Da Silva, T. D. & Hirota, V. B. (2008). Mulher no esporte: uma visão sobre a prática no futebol. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, 7(3).
Sirard, J. R., Pfeiffer, K. A. & Pate, R. R. (2006). Motivational factors associated with sports program participation in middle school students. Journal of adolescent health, 38(6), 696-703.
Souza, F. D., Fidale T. M. de, Rezende F. N. de e Medeiros R. S. (2012). Jiu-jitsu: qual sua motivação? Lecturas: Educación Física Y Deportes, 16(165).
Thomas, J. R., Nelson, J. K. & Silverman, S. J. (2009). Métodos de pesquisa em atividade física. Artmed Editora.
Vallerand, R. (2007). A Hierarchical Model of Intrinsic and Extrinsic Motivation for Sport and Physical Activity. In M. Hagger e N. Chatzisarantis (Eds.), Intrinsic Motivation and Self-Determination in Exercise and Sport (pp. 255-279). Human Kinetics.
Weinberg, R. S. & Goud, D. (2011). Foundations of sport and exercise psychologist. Human Kinetics Publishers.
Weiss, M. R. & Ferrer-Caja, E. (2002). Emilio. Motivational orientations and sport behavior. In T.S. Horn (ed.). Advances in sport psychology (vol. 16., 2nd ed, pp. 83- 101). Human Kinetics.
White, P. & McTeer, W. (2012). Socioeconomic status and sport participation at different developmental stages during childhood and youth: Multivariate analyses using Canadian national survey data. Sociology of Sport Journal, 29(2), 186-209.
Williams, L. (2013). Commitment to sport and exercise: re-examining the literature for a practical and parsimonious model. Journal of Preventive Medicine and Public Health, 46(Suppl 1), S35.
Zambrin, L. F., Paludo, A. C., Simões, A. C. & Junior, H. S. (2015). Análise das tendências competitivas em jovens atletas praticantes de voleibol. ConScientiae Saúde, 14(1), 47-53.
Recepción: 15 Julio 2024
Aprobación: 30 Diciembre 2024
Publicación: 01 Enero 2025