EFYC Educación Física y Ciencia, vol. 26, nº 4, e316, octubre-diciembre 2024. ISSN 2314-2561
Universidad Nacional de La Plata
Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación
Departamento de Educación Física

Artículos

Os Esportes com interação nas aulas de Educação Física no Ensino Médio noturno

Antonio Jansen Fernandes da Silva

Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza / Secretaria Estadual de Educação do Ceará, Brasil
Antonio de Pádua dos Santos

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil
Márcio Romeu Ribas de Oliveira

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil
Maria Eleni Henrique da Silva

Universidade Federal do Ceará, Brasil
Cita sugerida: Silva, A. J. F., Santos, A. P., Oliveira, M. R. R. y Silva, M. E. H. (2024). Os Esportes com interação nas aulas de Educação Física no Ensino Médio noturno. Educación Física y Ciencia, 26(4), e316. https://doi.org/10.24215/23142561e316

Resumo: Essa pesquisa objetivou desenvolver os Esportes com interação nas aulas de Educação Física no Ensino Médio Noturno. Foi realizado um estudo de campo do tipo pesquisa-ação, utilizando-se do método qualitativo, O estudo foi desenvolvido em uma escola da rede Estadual de Ensino do Ceará, localizada em Fortaleza, com uma turma do 3º Ano do Ensino Médio, com uma amostra de 34 alunos. A intervenção pedagógica ocorreu de fevereiro a maio de 2019. A análise dos dados foi dividida em 2 momentos: a) planejamento participativo da intervenção pedagógica; b) análise do discurso dos alunos no decorrer da intervenção pedagógica. Percebe-se a necessidade organizacional e pedagógica conjunta com os alunos para obtenção dos resultados esperados, como também os anseios da realidade social dos principais beneficiados pelo processo de ensino-aprendizagem. O planejamento participativo tem muito a contribuir na relação professor/aluno, pois foi relatado que quando os alunos participam do processo de escolha da temática, sentem-se co-responsáveis pela melhoria da educação. Por outro lado, a intervenção pedagógica é marcada por muito aprendizado no que se refere ao desenvolvimento dos Esportes com interação, pois a estruturação das etapas da ação docente (planejamento, intervenção e avaliação) precisam se conectar para atingirem os objetivos.

Palavras-chave: Esporte, Educação Física, Ensino Médio.

Interaction sports in Physical Education classes in night high school

Abstract: This research seeks to develop interaction sports in Physical Education classes in night high school. The study was conducted in a school of Red Estatal de Educación de Ceará (State Education Network of Ceará), located in Fortaleza, in a class of the third-year high school class, with a sample of 34 students. The pedagogical intervention took place from February to May 2019. Data analysis was divided into two phases: a) participatory planning of the pedagogical intervention; b) analysis of the students’ discourse during the pedagogical intervention. The organizational and pedagogical needs were identified together with the students to achieve the expected results, as well as the aspirations of the social reality of the primary beneficiaries of the teaching-learning process. Participatory planning significantly contributes to the teacher-student relationship, as it has been reported that when students participate in the process of selecting the subject matter, they feel co-responsible for improving education. Additionally, the pedagogical intervention facilitated substantial learning in terms of the development of interaction sports, emphasizing the importance of aligning the stages of teaching action (planning, intervention and evaluation) to achieve the desired outcomes.

Keywords: Sport, Physical education, High school.

Los deportes de interacción en las clases de Educación Física en la escuela secundaria nocturna

Resumen: Esta investigación tuvo como objetivo desarrollar el deporte con interacción en las clases de Educación Física en la Escuela Secundaria Nocturna. El estudio se realizó en una escuela de la Red Estatal de Educación de Ceará, en Fortaleza, en una clase de 3º año, con una muestra de 34 alumnos. La intervención pedagógica se llevó a cabo de febrero a mayo de 2019. El análisis de los datos se dividió en 2 momentos: a) planificación participativa de la intervención pedagógica; b) Análisis del discurso de los estudiantes durante la intervención pedagógica. Es posible percibir la necesidad organizativa y pedagógica junto con los estudiantes para obtener los resultados esperados, así como los anhelos de la realidad social de los principales beneficiarios del proceso de enseñanza-aprendizaje. La planificación participativa tiene mucho que aportar a la relación profesor/alumno, ya que se reportó que cuando los estudiantes participan en el proceso de elección del tema, se sienten corresponsables de mejorar la educación. Por otro lado, la intervención pedagógica está marcada por mucho aprendizaje en cuanto al desarrollo del deporte con interacción, debido a que la estructuración de las etapas de la acción docente (planificación, intervención y evaluación) necesita estar conectada para alcanzar los objetivos.

Palabras clave: Deporte, Educación física, Escuela secundaria.

1. Introdução

Atualmente a educação brasileira passa por uma transformação em decorrência da implementação da Base Nacional Curricular Comum (BNCC). Assim como, as matrizes curriculares do Estado do Ceará (Coleção Escola Aprendente). A BNCC possui caráter normativo e define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os/as alunos/as devem desenvolver ao longo da Educação Básica (Brasil, 2018).

A Coleção Escola Aprendente foi concebida no Estado do Ceará, com a intenção de direcionar uma organização do currículo, constituída por competências/ habilidades, de forma a orientar às escolas da rede pública (Ceará, 2009). A Educação Física enquanto um componente curricular obrigatório não pode ficar longe dessas discussões, bem como das mudanças desencadeadas no contexto escolar.

A Educação Física no decorrer dos séculos, vem sofrendo diferentes mudanças, seja nos aspectos curriculares, metodológicos, políticos, econômicos, culturais, religiosos, tecnológicos e sociais. Essas transformações proporcionam novos olhares e reflexões sobre a Educação Física na escola.

A Educação Física tematiza as práticas corporais em diferentes formas de codificação e significação social, compreendida como manifestações diversificadas expressivas dos sujeitos, acumulados historicamente pela humanidade, a partir de diferentes grupos sociais. É válido ressaltar, que o movimento humano estará sempre presente no âmbito da cultura, não se limitando apenas ao deslocamento espaço-temporal de uma parte ou do todo de um corpo (Brasil, 2018).

Segundo Brasil (2018) as práticas corporais estão divididas em 06 unidades temáticas (Jogos e Brincadeiras; Esportes; Ginásticas; Danças; Lutas; e Práticas Corporais de Aventura). Neste trabalho iremos dialogar e aprofundar a unidade temática dos Esportes.

O Esporte tem se constituído como uma das manifestações culturais mais difundidas mundialmente, seja para a prática cotidiana das diversas comunidades e pessoas ou para o mundo do espetáculo. Os praticantes de Esporte encontram diferentes significados em termos epistemológicos. Pode representar um trabalho para atletas profissionais, diversão e saúde para amigos, que se reúnem aos finais de semana e ainda um momento particular de aprender elementos essenciais sobre o mundo e a convivência humana. Por isso, o Esporte é um fenômeno plural que pode ocorrer em diversos contextos de prática, com diferentes níveis de exigência, bem como diferentes sentidos e significados atribuídos por seus praticantes e apreciadores (González, Darido e Oliveira, 2014).

O alcance do Esporte no início do século XXI o coloca como um dos mais representativos fenômenos socioculturais, sustentando significados e finalidades plurais, uma vez que se insere em diferentes cenários e alcança personagens dos mais diversos grupos sociais (Reverdito, Scaglia e Montagner, 2013).

Segundo González e Bracht (2012) o Esporte é o meio mais utilizado na atualidade para a difusão do movimento corporal na escola. De acordo com os autores, a utilização do Esporte nas aulas de Educação Física é tão forte que do ponto de vista dos alunos percebe-se uma identificação do significado da disciplina com o Esporte, ou seja, o componente curricular Educação Física parece ser sinônimo de Esporte na escola.1

Atualmente, os Esportes têm sido praticados, de modo expressivo, em ambientes formais e não-formais de ensino, tanto com o caráter competitivo quanto com o caráter recreativo. Diante disso, sugere-se que os professores de Educação Física busquem uma construção contínua de novos conhecimentos e atitudes, frente às constantes alterações, tanto de ordem técnica e metodológica quanto das transformações sociais, que têm modificado significativamente o perfil das crianças e jovens praticantes dos Esportes. Dessa maneira, parece oportuno que se apresente duas questões centrais para uma proposta de compreensão dos Esportes: o sistema de classificação dos Esportes e as metodologias que permeiam seu ensino (Souza, 1997).

Segundo González e Fraga (2009, p. 115) é difícil afirmar a quantidade de modalidades esportivas existentes na atualidade.

[...] De vez em quando a mídia esportiva anuncia o surgimento de uma ‘novidade’, que se agrega tanto àquelas já conhecidas quanto àquelas cuja existência mal se suspeitava. Mais quais as referências usadas pela mídia para afirmar que determinada modalidade esportiva é ‘nova’? Quais características diferenciam uma prática esportiva das demais? Certamente não há um gabarito para tais questões, mas para começar a esboçar uma resposta minimamente consistente é preciso saber ler os critérios que permitem considerar uma modalidade semelhante ou diferente de outra no complexo mundo dos esportes. (González e Fraga, 2009, p. 115).

Os Esportes têm sido objeto de diversas classificações (Parlebas, 1988; Famose, 1992; Schmind e Wrisberg, 2001). As classificações seguem diferentes critérios e aspectos estruturais e/ou dinâmico dos Esportes. Os critérios são divididos em dois grandes grupos, a saber: lógica interna e lógica externa. Segundo Parlebas (2001, p. 302) a lógica interna é um “[...] sistema de características próprias de uma situação motora e das consequências que esta situação demanda para a realização de uma ação motora correspondente”, se trata dos aspectos peculiares de uma modalidade que exige aos jogadores atuarem de um jeito específico (desde o ponto de vista do movimento realizado) durante sua prática. Já a lógica externa, por sua vez, se refere às características e/ou significados sociais que uma prática esportiva apresenta ou adquire num determinado contexto histórico e cultural (González e Bracht, 2012).

Em seus estudos, González (2004), após um levantamento a respeito de diferentes propostas de classificação dos Esportes, propôs um sistema fundamentado nos seguintes critérios: a) a existência ou não de relação com os companheiros; b) a existência ou não de interação direta com o adversário.

Com base no critério que trata da relação com os companheiros, os Esportes podem ser classificados como individuais ou coletivos. Os individuais são aqueles onde a ação esportiva é realizada apenas por uma pessoa, sem a colaboração de um colega. Já os coletivos são aqueles onde as estruturas e dinâmicas das modalidades exigem a organização das ações de duas ou mais pessoas para o desenvolvimento da modalidade. Quando se utiliza como critério de classificação a relação com o adversário, tem-se que essa condição exige dos participantes constantes adaptações na ação motora em função da atuação e da antecipação da ação do adversário, sendo classificados em Esportes com ou sem interação direta com o adversário. É importante esclarecer que a interação com o adversário apresentada pelo autor está relacionada ao fato de a ação motora de um participante interferir ou não na ação motora do seu oponente (González, 2004).

Dessa maneira, dentro do conjunto dos Esportes SEM interação entre adversários, de acordo com González e Bracht (2012), podemos identificar três subcategorias dos Esportes: os Esportes de marca, os Esportes técnico-combinatórios e os Esportes de precisão.

Os Esportes de marca são aqueles onde há a comparação entre os índices alcançados em segundos, metros ou quilos. São exemplos de Esportes de marca: o atletismo, a patinação de velocidade, o remo e etc. Os Esportes técnico-combinatórios, também conhecidos como estéticos, são aqueles onde há uma comparação do desempenho centrada na beleza e no grau de dificuldade do movimento, respeitando padrões, códigos ou critérios estabelecidos nas regras. São exemplos de Esportes técnico-combinatórios as modalidades de ginástica, as provas de patinação artística, de nado sincronizado, de saltos ornamentais, entre outros. Já os Esportes de precisão são aqueles onde o principal objetivo é acertar um alvo específico que esteja fixo ou em movimento. São exemplos de Esportes: o golfe, a sinuca, tiro com arco, tiro esportivo e dentre outros (González e Bracht, 2012).

No conjunto dos Esportes com interação entre os adversários, o critério de classificação fundamenta-se nos princípios táticos da ação que o(s) atleta(s) deve(m) realizar para atingir a meta estabelecida pelo Esporte. Nesse conjunto de Esportes é necessário levar em consideração que os adversários estarão buscando, ao mesmo tempo, alcançar o mesmo objetivo. Ao considerar essa característica, pode-se perceber que existem traços comuns nas ações de ataque e defesa em modalidades esportivas que parecem ser bastante distintas (González e Bracht, 2012).

O pólo aquático e o futebol, por exemplo, têm o mesmo princípio de organização tática, apesar do primeiro ser praticado dentro de uma piscina e o segundo num campo gramado. Tanto num quanto no outro a defesa de uma equipe só funciona quando todos os jogadores adversários estiverem marcados e quando, ao mesmo tempo, cada defensor estiver de costas para seu próprio gol e de frente para o jogador marcado, tentando lhe tirar o espaço para o arremesso ou chute a gol. Nesses Esportes é preciso estar o tempo todo com um olho na bola e outro no adversário (González e Bracht, 2012).

Para Gonzaléz e Bracht (2012), de acordo com os princípios táticos do jogo, o conjunto de Esportes que possuem interação com os adversários divide-se em quatro subcategorias: Esportes de combate, Esportes de campo e taco, Esportes de rede divisória ou parede de rebote e Esportes de invasão. Os Esportes de combate caracterizam-se pela disputa onde os adversários tentam vencer, um ao outro, através do desequilíbrio, de imobilizações, da exclusão de determinados espaços e/ou contusões, combinando ações de ataque e defesa e por serem sempre modalidades individuais. São exemplos desses Esportes o jiu-jitsu, o judô, o karatê e entre outros.

Os Esportes de campo e taco têm por objetivo rebater a bola para a maior distância possível, buscando percorrer as bases o maior número de vezes, marcando, assim, mais pontos. Nesses Esportes cada equipe tem sua vez de atacar e defender. São exemplos desse tipo de Esporte: o beisebol, o críquete, o softbol e entre outros. Os Esportes de rede divisória ou parede de rebote são as modalidades onde se arremessa, lança ou se bate na bola ou na peteca, sobre a rede ou contra a parede, em direção à quadra adversária, de maneira que o adversário não consiga ou tenha dificuldades em devolver a bola. Esses Esportes são caracterizados pela ação de defender a bola ou a peteca e ao mesmo tempo tentar atacá-la. São exemplos desse tipo de Esporte: o voleibol, o vôlei de praia, o tênis, o badminton, a peteca e dentre outros (González e Bracht, 2012).

Para finalizar o sistema de classificação utilizado no presente estudo, temos os Esportes de invasão. Esse tipo de Esporte caracteriza-se pela ação de invadir, ocupar o setor da quadra/campo de defesa do adversário para marcar pontos e, ao mesmo tempo, proteger sua meta do ataque do adversário (González e Bracht, 2012).

Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi desenvolver os Esportes com interação nas aulas de Educação Física no Ensino Médio Noturno.

A Educação Física Escolar (EFE) possui como objetivo proporcionar aos estudantes vivências, reflexões, análises e debates sobre os temas que se relacionam com a cultura corporal de movimento, formando um cidadão crítico que vai produzir, reproduzir e transformar diversificadas práticas corporais, tais como os Jogos, as Brincadeiras, as Lutas, as Ginásticas, as Danças e os Esportes (Brasil, 1998).

2. Percurso metodológico

Esse estudo faz parte de um recorte da dissertação intitulada “CLASSIFICAÇÃO DOS ESPORTES E O USO DAS MÍDIAS: Desenvolvendo uma Unidade Didática nas aulas de Educação Física no Ensino Médio Noturno”, defendida no ano de 2019, no Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional (PROEF). Foi utilizada como instrumento investigativo da pesquisa a observação participante das aulas de Educação Física, através da utilização do diário de campo.

Baseado no objetivo desta pesquisa, foi realizado um estudo de campo do tipo pesquisa-ação, utilizando-se do método qualitativo. A pesquisa qualitativa responde ao universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes, ou seja, é um conjunto de fenômenos humanos entendidos como parte da realidade social, pois o ser humano se diferencia dos demais pelo modo de agir, pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e compartilhada com seus semelhantes (Minayo, Deslandes e Gomes, 2016).

A pesquisa-ação tem por objetivo criar nas escolas uma cultura de análise das práticas que são realizadas com a finalidade de possibilitar aos professores da escola, com o auxílio de outros participantes, a transformação de suas ações e práticas institucionais (Pimenta, 2005).

O estudo foi realizado em uma escola da rede Estadual de Ensino do Ceará, localizada no município de Fortaleza, com uma turma do 3º Ano do Ensino Médio no curso noturno, com uma amostra de 34 alunos, de ambos os sexos. A intervenção pedagógica ocorreu de fevereiro a maio de 2019. A escolha deste cenário deve-se ao fato do pesquisador lecionar neste nível de ensino da Educação Básica e possuir uma boa relação afetiva com os alunos, como também, o horário disposto na matriz curricular da escola, facilitou o desenvolvimento da pesquisa, pois a primeira aula do turno (noturno) fica muito comprometida pelo baixo quantitativo de alunos, que geralmente chegam atrasados em decorrência da vinda do trabalho.

Para análise dos dados, utilizou-se como forma de identificar os alunos um código alfanumérico cuja composição é explicada da seguinte maneira: “A” significa aluno; “EF” Educação Física; e os números denominam à organização na lista de respostas, não seguindo a ordem alfabética. Como por exemplo: AEF40 refere-se ao aluno de Educação Física de número 40 da lista de coleta dos dados. A análise dos dados foi dividida em dois momentos: a) planejamento participativo da intervenção pedagógica para a escolha do conteúdo que seria trabalhado naquele bimestre; e b) análise do discurso dos alunos no decorrer da intervenção pedagógica. Vale lembrar, que apenas as narrativas que tenham relação com a temática deste estudo, foram retiradas para análise.

A pesquisa respeita os aspectos éticos e foi submetida ao Comitê de Ética com seres humanos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, cadastrada na plataforma Brasil nº 09905619.1.0000.5537, cujo parecer de aprovação é de nº 3.305.816 datada de 06/05/2019. Assim como, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado por todos os participantes.

3. Resultados e discussão

3.1 Planejamento Participativo da intervenção Pedagógica

O professor/pesquisador fez no início do 1º bimestre uma consulta junto aos alunos do 3º ano do Ensino Médio noturno, sobre a disponibilidade da aplicação da pesquisa naquele contexto educacional, obtendo uma resposta favorável para a sua execução. O mesmo se comprometeu que na aula seguinte iria mostrar os detalhes do projeto de pesquisa e que a partir daí, poderiam mudar de ideia ou não.

Na aula seguinte, o professor começou explicando sobre as etapas da pesquisa (planejamento, execução e avaliação). O primeiro passo após a unanimidade com relação à aderência da turma ao projeto foi a elaboração do planejamento participativo.

O planejamento participativo é uma tendência, em alta, dentro do campo educacional como proposta para intervir na realidade. Atualmente nas escolas, não basta que os professores isoladamente definem “como” e “com que” vão “passar” os conteúdos preestabelecidos, dando, assim, uma concepção unicamente de administrador da sala de aula. Percebe-se a necessidade organizacional e pedagógica conjunta com os alunos para obtenção dos resultados esperados, como também os anseios da realidade social dos principais beneficiados pelo processo de ensino-aprendizagem (Gandin, 2001).

Nota-se que o diálogo e o conhecimento prévio dos alunos estão presentes na relação de construção do planejamento participativo. Essa ação conjunta contribui para obtenção dos resultados esperados, como também os anseios da realidade social e cultural dos principais beneficiados pelo processo de ensino-aprendizagem. O profesor não tem a função de falar ao povo sobre sua visão de mundo, ou tentar impô-la aos alunos, mas dialogar com eles sobre a sua e a nossa. Devemos estar convencidos de que a sua visão de mundo, se manifesta de diferentes formas de sua ação, reflete a sua situação de mundo, em que se constitui (Freire, 2013).

O professor/pesquisador utilizou as matrizes curriculares do Estado do Ceará (Coleção Escola Aprendente) por não ter sido homologado, até o momento, a Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio. O documento estadual estabelece o que será desenvolvido no 1º e 2º bimestre do 3º ano dos seguintes conteúdos: Jogos, Danças, Ginásticas, Esportes, Lutas e vivências corporais diversificadas.

A escolha da temática a ser trabalhada durante a intervenção pedagógica foi realizada através da votação democrática pelos 26 presentes dos 34 alunos da turma, com obtenção dos seguintes resultados da votação: 14 Esportes; 05 Danças; 02 Lutas; 02 Jogos; 02 Atividades Físicas para grupos especiais e 01 Prática Corporal de Aventura.

Utilizou-se como estratégia metodológica para a elaboração das aulas, o seguinte formato: a cada aula ministrada se faria o planejamento da próxima como, por exemplo, se ministrou a primeira aula e em seguida se planejou a segunda aula e assim sucessivamente, até o término da intervenção. Desta forma, o intuito foi avaliar como ocorreu o processo de ensino-aprendizagem nas aulas ministradas e pensar no aumento da complexidade dos conteúdos de acordo com as reais necessidades dos alunos, baseado no ensino reflexivo como perspectiva metodológica, compreendendo que cada escola, comunidade e alunos possuem suas singularidades.

Segundo Schõn (2009), o planejamento reflexivo deve ser elaborado e analisado a partir da reflexão na ação, da reflexão sobre a ação e da reflexão sobre a reflexão da ação, em síntese, um processo de ação-reflexão-ação. Vale ressaltar que no planejamento anual, deve constar: os objetivos e os objetos de conhecimento de cada bimestre.

Freire (2000) afirma que pensar certo implica a existência de sujeitos que pensam mediados por objeto ou objetos sobre que incide o próprio pensar dos sujeitos. Pensar certo não é que – fazer de quem se isola, de quem se “aconchega” a si mesmo na solidão, mas um ato comunicante. Não há por isso mesmo pensar sem entendimento e o entendimento, do ponto de vista do pensar certo, não é transferido mas co-participado.

3.2 Análise da intervenção pedagógica

As análises dos dados desse estudo foram realizadas através das descrições das aulas e falas dos alunos, anotadas pelo pesquisador no diário de campo no decorrer das intervenções pedagógicas.

3.2.1. Descrição da 1º aula – Aplicação do quadro sobre a lógica interna e a apresentação da classificação dos Esportes.

Na intervenção pedagógica o professor dividiu a aula em 05 etapas: 1- explicação do conteúdo Esporte; 2- formação de 06 grupos de 3 a 5 alunos; 3- entrega das cartas com os nomes dos Esportes olímpicos (41) e paralímpicos (23) de 2016, totalizando 64 Esportes; 4- criação de um quadro sobre a classificação dos Esportes que deveria ser realizada pelos alunos, com os seguintes questionamentos: quais são os Esportes que fazem parte desse grupo e como vocês se basearam para agrupá-los?; e 5- diálogo sobre a classificação dos Esportes.

O docente notou que muitos estudantes não conseguiam identificar o nome do Esporte apenas pelo pictograma. Diante disso, os alunos começaram a perguntar que Esporte seriam aqueles?. O pesquisador começou a tirar as dúvidas sem dizer o nome dos Esportes, apenas através de elementos que pudessem facilitar o entendimento sem interferir nos resultados.

Destaca-se as maneiras distintas que os alunos querem classificar os Esportes. Sendo assim, deveriam convencer, através do diálogo, os demais integrantes da equipe para seguir a sua classificação. Esse processo é de sua importância para desenvolver a autonomia, o trabalho em grupo, o convencimento, o respeito pela opinião contrária, a criticidade, o protagonismo e dentre outros.

Percebe-se no relato ‘AEF6’ o seguinte: “eu acho que aprendemos mais Esportes nesta aula, eu não sabia o que era badminton, fiquei curioso, nunca tinha ouvido falar, tem tantos Esportes nas olimpíadas, só conhecia alguns aqui de nós”. Freire (2000, p. 33) afirma que:

“A dialogicidade não nega a validade de momentos explicativos, narrativos em que o professor expõe ou fala do objeto. O fundamental é que professor e alunos saibam que a postura deles, do professor e dos alunos, é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada, enquanto fala ou enquanto ouve. O que importa é que professor e alunos se assumam epistemologicamente curiosos”.

Corroboro com ideias freirianas que os alunos têm curiosidade de conhecer algo novo ou aprofundar os seus conhecimentos prévios. Nota-se no relato acima, que o badminton não faz parte do contexto social dos alunos, mas isso não pode ser fator limitante para o seu aprendizado. Deve ser uma mola propulsora para aprender novos conhecimentos do contexto mundial.

Logo após o término dos relatos o professor, começou a explicação sobre a classificação dos Esportes de acordo com González e Bracht (2012). Disse que existiam várias classificações, mas que aquela tinha sido uma escolha metodológica dele e por estar presente na BNCC e ser possível ampliar o conhecimento da gama de Esportes praticados, não se resumindo apenas ao quarteto fantástico.2

O professor explicou os 07 grupos da classificação dos Esportes, dentre eles: Esporte de marca; Esporte de combate; Esporte de precisão; Esporte de invasão; Esporte de taco e campo; Esporte técnico-combinatório; Esporte de rede divisória ou parede. Durante a explanação foi possível falar os nomes dos Esportes que compõem cada grupo e mostrar um pequeno vídeo sobre uma das modalidades daquele grupo, alertando sobre a lógica interna e externa que caracteriza aquele grupo de Esporte. Foi explicado também que os três primeiros Esportes acima são considerados individuais e os quatros posteriores são coletivos.

Em seguida, foi apresentada a relação de oposição entre os adversários durante a prática esportiva, a saber: a) sem interação direta com o adversário; e b) com interação direta com o adversário. Foi explicado que os Esportes de marca; precisão; técnico-combinatório são aqueles sem interação e os Esportes de invasão; taco e campo; rede divisória e parede; e combate são com interação com os adversários. É válido destacar, que nesta pesquisa estamos aprofundando apenas os Esportes com interação.

Posteriormente foi mostrado e explicado que se seguiria um cronograma de aulas para o desenvolvimento da unidade temática, todos foram de acordo com a proposta.

Para finalizar, foram feitas as seguintes indagações: 1-Vocês perceberam diferenças nesta classificação comparada com a sua?; 2-O que vocês notaram de parecido?; 3-Vocês entenderam a classificação exposta? Obtivemos as seguintes respostas:

  1. 1-Percebi sim professor, é complicado criar um quadro assim (AEF02)

  2. 2-Tem algumas coisas que parecem e outras não, tipo assim, jogo da luta (AEF19)

  3. 3-Acho que entendi, é muito rochedo (AEF20)

3.2.2. Descrição da 2º aula – Apresentação e vivências dos Esportes de Combate (sumô)

Iniciamos a aula com a presença de 16 alunos, considerada uma baixa frequência comparada com a média da turma. Nesta data choveu muito forte em Fortaleza, dificultando a ida a escola, seja pelo atraso dos ônibus do percurso do trabalho para a escola e/ou os alagamentos que ocorrem nas ruas e nas casas dos alunos.

No momento da aula de Educação Física a chuva deu uma trégua, e assim, foi possível a turma se dirigir à quadra. Na quadra tivemos que procurar um espaço sem poças d’água para o bom andamento da aula e sem colocar em risco a integridade física dos alunos. A aula é iniciada na quadra no formato de círculo, para facilitar a visualização de todos os alunos e também fazer algumas indagações, dentre elas: qual a diferença entre Luta, Esporte de combate e briga? Quem já praticou algum tipo de Luta ou Esporte de combate? Quais Esportes estão neste grupo na classificação estudada? Quem conhece a luta olímpica ou sumô? Qual a diferença das duas modalidades? Quem já praticou?

Logo após foram realizados jogos de combate em duplas com o objetivo de tocar no adversário em diferentes partes do corpo. O professor reuniu todos os alunos novamente para explicar que iríamos vivenciar o Esporte de combate ‘sumô’, pois devido o tempo e o objetivo da intervenção pedagógica não seria possível vivenciarmos todos os Esportes de combate, assim como os outros grupos de Esportes da classificação.

Foi feito um círculo no meio da quadra, expliquei as regras básicas da modalidade e em seguida começamos a vivenciar o sumô. Destaco que foi preciso fazer algumas alterações das regras para a fluidez da atividade, dentre elas: não jogar o adversário no chão; só era permitido empurrar; não poderia puxar a camisa. No início percebe-se que os homens só queriam lutar entre si e da mesma forma as mulheres. Em determinado momento da aula fiz a seguinte pergunta: não tem como uma mulher lutar com um homem?

O aluno (AEF9) diz “tem sim, já vi uma mulher da uma péia em um ladrão, ela até imobilizou esperando a polícia chegar”. Referindo-se ao episódio que viralizou na web, onde uma lutadora de Artes Marciais Mistas (MMA) do Maranhão imobiliza um ladrão. Sugeri que poderíamos ter um combate entre um homem e uma mulher, no início ficaram receosos, mas aceitaram a ideia, e em seguida, outras duplas mistas também participaram. Para concluir a aula foi realizado um debate sobre: 1- o que você gostou da aula de hoje? 2- O que você não gostou? 3- Quais as dificuldades encontradas na prática do sumô?. Alguns alunos relataram:

  1. 1-Gostei de praticar um esporte novo pra mim (AEF07)

  2. 2-Não gosto de agarrado, principalmente suado (AEF03)

  3. 3-Colocar o outro para fora do círculo (AEF34)

3.2.3. Descrição da 3º aula – Apresentação e vivências dos Esportes de Rede divisória ou Parede (peteca)

Começamos a aula com a presença de 22 alunos. Logo no início, expliquei que naquele dia iríamos conhecer, construir e vivenciar o Esporte ‘peteca’. Perguntei quem conhecia uma peteca? Se obteve a unanimidade de sim nas respostas. Quem já fez alguma peteca? Poucos disseram que sim. A partir daí, foi colocado alguns materiais recicláveis na mesa (jornais, revistas e fita gomada) e pedi que eles fizessem uma peteca para ser utilizada durante a aula, expliquei também a necessidade de reciclar os materiais no nosso cotidiano. Foi observado que alguns alunos já sabiam construir a peteca, já outros não. Uns pediram orientações e outros foram fazendo com o companheiro que já tinha terminado a sua. Tiveram umas petecas bem elaboradas, e por isso, foi escolhidas para serem utilizadas durante o jogo da turma. Vale lembrar que dois alunos ficam responsáveis por fotografar e filmar a aula.

Logo em seguida, nos dirigimos a quadra para fazer a vivência do Esporte ‘peteca’. Comecei solicitando que os alunos não poderiam deixar a sua peteca cair no chão jogando para o ar com qualquer parte do corpo. Posteriormente, dividi a turma em duas equipes, uma de cada lado da rede, improvisando com uma corda que foi amarrada nas alambradas laterais da quadra. O objetivo era que a peteca passasse por cima da corda. Primeiramente foi realizada uma disputa um contra um, e em seguida, a turma foi dividida em números iguais, para jogar o Esporte ‘peteca’.

Na conclusão da aula foram feitas as seguintes indagações: 1- o que vocês acharam de construir sua própria peteca? 2- podemos utilizar materiais recicláveis para trabalhar nas nossas aulas? 3- quais são os outros Esportes que fazem parte deste grupo?. Vejam alguns relatos dos alunos:

  1. 1- Achei muito legal, nunca tinha feito uma peteca, ficou feia (AEF 29)

  2. 2- Sim, já joguei futebol com bolas de meias (AEF08)

  3. 2- Antigamente brincava de carrinho com latas de leite (AEF11)

  4. 3- Vôlei e tênis (AEF15)

3.2.4. Descrição da 4º aula – Apresentação e vivências dos Esportes de Taco ou Campo (tacobol)

A aula foi realizada a partir das 20 horas e 31 minutos e terminou às 21 horas e 04 minutos, com a presença de 22 alunos. Nota-se o atraso de 11 minutos para o início da aula de Educação Física. Isso ocorreu devido o professor anterior a outra aula, ter passado um trabalho para a turma que não conseguiu terminar a tempo e aí o professor pediu para aqueles que tinham terminado, poderiam entregar o trabalho na próxima aula, por considerar que já estava ficando com uma parte considerável da próxima aula.

Quando se entrou na sala de aula foi solicitado a todos que fossem para a quadra. Se iniciou a aula na quadra fazendo as seguintes perguntas: 1- quem conhece o beisebol?; 2- Quem já praticou? 3- Quais os implementos para sua prática? 4- De qual grupo o beisebol faz parte na classificação estudada neste bimestre?; 5- Quais os Esportes que compõem o mesmo grupo da classificação estudada? 6- Quem conhece o tacobol? 7- Quem conhece o jogo do tacobol por outro nome?. Se obteve como respostas:

  1. 1- Já ouvi falar, já passou no globo esporte (AEF24)

  2. 3- Bola e taco (AEF7)

  3. 4- Taco e campo (AEF3)

  4. 5- Golfe (AEF27)

  5. Obs: itens 2, 6 e 7 - Todos os alunos ficaram em silêncio (professor/pesquisador)

Nota-se nas falas dos alunos que a resposta quatro classifica erroneamente o golfe. Essa prática é muito comum, por achar que no golfe usamos o implemento taco e é praticado no campo, mas o que caracteriza o Esporte é o objetivo almejado é “rebater a bola para a maior distância possível, buscando percorrer as bases o maior número de vezes, marcando assim, mais pontos” (González e Bracht, 2012, p. 26).

Nas respostas 2, 6, 7 os alunos permaneceram calados. Se pode concluir que esse Esporte não faz parte do seu convívio social. Sabemos que os implementos custam caros, e que não condiz com a realidade econômica, da maioria dos alunos desta instituição escolar.

No momento da vivência, foi apresentado para os alunos que se poderia adaptar os tacos para a prática do tacobol que é considerado um jogo pré-desportivo para o beisebol. Falei que é muito praticado no interior de São Paulo e em algumas comunidades de Fortaleza já praticam e possuem outras nomenclaturas dependendo da região, tais como: bete, bets, bets-lombo, taco ou jogo de taco.

Foi dividida a turma em dupla, e em seguida, duas duplas para disputar uma partida de tacobol. Foi possível fazer 5 partidas ao mesmo tempo na quadra poliesportiva. Já os dois alunos restantes ficaram fotografando a aula. Para finalizar, foi feito o questionamento: quais as características que temos no beisebol e no tacobol? A aluna (AEF18) disse “os dois tem o taco, a bolinha e tem que rebater”.

3.2.5. Descrição da 5º aula – Apresentação e vivências dos Esportes de Invasão (futsal)

A aula contou com a participação de 23 alunos. Iniciei a aula explicando que iríamos abordar e vivenciar os Esportes de invasão (futsal). Perguntei quem conhecia e/ou já tinha jogado futsal? Se observou que a maioria da turma conhecia e/ou já tinham jogado, continuei indagando: qual a relação do futebol com o futsal? O aluno (AEF9) falou “os dois são jogados com os pés e só muda o local de jogo e algumas regras”.

Começamos a vivência pelo jogo de futsal, onde foi colocado situações problemas: as duas equipes deveriam ter no mínimo duas meninas jogando; não poderiam fazer o gol chutando da zona de defesa, apenas na zona de ataque; e o gol com a participação das meninas valiam dois gols. No início o jogo foi um pouco complicado, mas depois foi fluindo com mais naturalidade. As mulheres tiveram uma participação satisfatória na aula. Um fato que chamou atenção foi uma aluna que não quis participar da aula dizendo que “futebol é coisa pra homem e mulher que joga é sapatão”. Foi pedido que duas das quatro meninas que não participaram do futsal fotografassem a aula.

Para finalizar a aula foi feito o seguinte questionamento: 1- quem determina se o futebol é para homem ou para mulher? 2- E porque no Brasil o futebol é mais praticado pelos homens e nos Estados Unidos pelas mulheres? 3- qual a relação do bandeirante com o futsal? 4- Esses Esportes se enquadram em qual na classificação que estamos estudando?. Os alunos relataram as seguintes respostas:

  1. 1- Os homens, porque é quem joga (AEF29)

  2. 2- Vixe, não sabia disso (AEF6)

  3. 3- Um tem que invadir para pegar a bola e o outro tem que fazer o gol (AEF25)

  4. 4- De invasão (AEF34)

Considerações finais

O objetivo deste artigo foi desenvolver os Esportes com interação nas aulas de Educação Física no Ensino Médio Noturno. Para atingir o nosso propósito do estudo foi necessário fazer etapas metodológicas para facilitar a compreensão da totalidade, partindo da especificidade. Não se teve o intuito de fragmentar o processo, mas interligar as partes da pesquisa e entender o todo.

O planejamento participativo tem muito a contribuir na relação professor/aluno, pois foi relatado que quando os alunos participam do processo de escolha da temática, sentem-se co-responsáveis pela melhoria da educação. Fato observado na fala da AEF 14 “foi a gente que escolheu essa matéria, o professor não disse é essa e pronto, então devemos honrar nossa palavra”. O protagonismo e o empoderamento juvenil podem colaborar de forma positiva na vida dos alunos diante das demandas pedagógicas, sociais e culturais.

A intervenção pedagógica é marcada por muito aprendizado no que se refere ao desenvolvimento dos Esportes com interação, pois a estruturação das etapas da ação docente (planejamento, intervenção e avaliação) precisam se conectar para atingirem os objetivos propostos. No decorrer da intervenção pode-se notar nos relatos dos alunos um maior engajamento nas atividades por eles vivenciadas, fruto da aproximação dos conhecimentos prévios acerca dos Esportes e as metodologias adotadas pelo professor.

A utilização dos Esportes com interação na pesquisa busca ampliar as possibilidades didático-metodológicas, muito diferente daquelas que empregam a repetição dos gestos motores, sem uma intencionalidade pedagógica, ou seja, o fazer pelo fazer. As aulas de Educação Física devem ir além do movimento pelo movimento, levar o aluno a criticidade, a cidadania, a autonomia, o protagonismo e as questões éticas.

Declaração de autoria

Antonio Jansen Fernandes da Silva:

Concepção e desenvolvimento (desde a ideia para a investigação, escrita do texto, criação da hipótese, entre outros).

Desenho metodológico (planejamento dos métodos para gerar os resultados do trabalho).

Redação (responsável por escrever uma parte substantiva do manuscrito).

Antonio de Pádua dos Santos:

Concepção e desenvolvimento (desde a ideia para a investigação, escrita do texto, criação da hipótese, entre outros).

Desenho metodológico (planejamento dos métodos para gerar os resultados do trabalho).

Redação (responsável por escrever uma parte substantiva do manuscrito).

Márcio Ribas Romeu de Oliveira:

Coleta tratamento dos dados (responsável pelos experimentos, participantes, organização dos dados, entre outros).

Análise / interpretação (responsável pela análise (qualitativa/quantitativa), avaliação e apresentação dos resultados).

Levantamento da literatura (participou da pesquisa bibliográfica e levantamento de artigos).

MariaEleni Henrique da Silva:

Supervisão (responsável pela organização e execução do projeto e da escrita do manuscrito).

Revisão crítica (responsável pela revisão do conteúdo intelectual do manuscrito antes da apresentação final).


Referencias bibliográficas

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Notas

1 É o tipo de Esporte que elimina a possibilidade do Esporte ser escolarizado, da cultura escolar ter o seu proprio Esporte. Reproduz a sua prática aos moldes daqueles vivenciados fora da escola.
2 Faz referência as modalidades esportivas (futebol, basquete, vôlei e handebol). É um termo utilizado como forma de resistência aos ditames do Esporte como conteúdo hegemônico, oferecido tecnicamente como treinamento esportivo.

Recepción: 01 Marzo 2024

Aprobación: 24 Septiembre 2024

Publicación: 01 Octubre 2024

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