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Interesse e experiências de estudantes de educação física sobre natação durante a graduação

Introdução

A prática de exercícios físicos é de suma importância para a saúde e deve ser incluída na vida e no aprendizado, desde a infância, não se restringindo a centros esportivos, mas às séries iniciais e demais anos na própria escola. É função das escolas promover práticas de exercícios, onde se torne não somente um hábito, mas uma cultura popular. Para uma vida mais saudável, a prática de atividade física é uma recomendação universal (Hallal et al., 2007). Em 2013, 22,7% dos brasileiros praticaram o nível recomendado de atividade física no lazer, e em 2019, alcançou 30,1% (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2017), ou seja, nos últimos anos, observa-se um maior envolvimento da população com os exercícios físicos.

Na infância, muitas atividades físicas são apresentadas para as crianças, a exemplo da natação, que é indicada inclusive por pediatras e outros profissionais da área da saúde, em razão das suas características que combina recreação e esporte, o que contribui para a qualidade de vida, crescimento e desenvevolvimento do praticante.

O contato precoce de crianças com a água tem inúmeros ganhos, na liberdade de expressão, experimentação de sensações, agudização dos órgãos do sentido, descoberta do próprio corpo, assim como o desenvolvimento psicomotor infantil (habilidades motoras e capacidades físicas, velocidade, equilíbrio, flexibilidade e resistência) (Barbosa et al., 2020). Nesse sentido, os estímulos proporcionados através da atmosfera e dinâmica natatória tornam a natação uma atividade preventiva e terapêutica para muitos problemas de saúde na infância e na vida adulta (Silva et al., 2021).

No entanto, ainda que se observe a facilidade das crianças quanto à interação no ambiente aquático, a natação deve ser ensinada de forma lúdica e segura (Fiori et al., 2019). Para isso, a formação do profissional de Educação Física deve possuir rigor ético e técnico-científico, fornecendo sólidos conhecimentos e subsídios suficientes para o exercício da atividade, com as devidas habilitações (Castro et al., 2016).

Apesar disso, há uma tendência entre os acadêmicos de Educação Física e futuros educadores físicos de abordar as diversas modalidades esportivas, incluindo a natação, sem considerar adequadamente os aspectos humanos, as características individuais e as necessidades específicas dos alunos (Silva et al., 2021; Dourado, 2013). É importante destacar que as construções do movimento corporal se desenvolvem a partir das práticas corporais, tanto dos alunos quanto dos professores, ao longo da formação acadêmica. Portanto, o professor deve adotar práticas pedagógicas que sejam criativas, adaptáveis e remodeladas com base em suas próprias vivências e aprendizados (Figueiredo, 2018; Castro et al., 2016). Dessa forma, o objetivo do estudo foi investigar o interesse e as experiências dos estudantes de Educação Física em relação à natação durante o período de graduação.

Método

Estudo transversal e quantitativo (Creswell, 2010), seguindo o guideline The Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE). A população do estudo foi composta pelos acadêmicos que estevam matriculados em um curso de Licenciatura em Educação Física (quatro anos de duração), utilizando a amostragem não probabilística, por conveniência. Como critério de inclusão, maiores de 18 anos, matriculados (no quarto semestre, no segundo ano) e frequentes na disciplina de natação, sendo acadêmicos com menos de 25% de faltas e que estavam realizando a disciplina pela primeira vez. Foram excluídos, aqueles transferidos de outras instituições, independente do curso que realizavam antes do ingresso na instituição investigada.

A coleta de dados ocorreu entre setembro e outubro de 2018. O local de realização foi uma instituição de ensino superior particular. A escolha desta instituição ocorreu, pois o curso de Licenciatura em Educação Física ofertado, possui em sua matriz curricular a disciplina de natação. Foi utilizado como instrumento de pesquisa um questionário estruturado (perguntas fechadas) (Freitas et al., 2000), construído pelos próprios pesquisadores, pré avaliado por três professores doutores da área de Educação Física. Todos os alunos foram convidados ocasionalmente em uma data e agendada, entre setembro e outubro de 2018. O questionário foi aplicado aos acadêmicos, sendo que a disciplina esta sendo ferecida a 32 alunos, que aceitaram participar do estudo, em horário agendado pelos pesquisadores, tirando dúvidas e esclarecendo questões. o questionário foi aplicado em uma sala de aula. A abordagem e aplicação ocorreu individuamente, sendo a explicação incial de forma coletiva. Um membro da equipe foi treinando e responsável pela aplicação.

Inicialmente, os dados foram organizados e lançados duplamente em planilhas do softeare Microsoft Excel 2013. Após a verificação de possíveis inconsistências nos registros, o banco de dados foi importado para o software Epi Info, versão 7.2.5, realizando análise estatística descritiva simples, para todas as variáveis estudadas, em número absolutos e relativos, com apresentação em tabelas (Thomas e Nelson, 2012).

O estudo respeitou todos os aspectos éticos em pesquisa conforme a resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), com parecer de aprovação n. 2.850.084/2018 e CAEE 87705618.3.0000.0106. Todos os particantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Resultados

A amostra foi composta de 32 acadêmicos, de ambos os sexos, distribuidos igualmente (Tabela 1). Foram observados que os participantes estavam relacionados em metada do sexo masculino e metade feminino.

As informações frente aos interesses e experiências dos acadêmicos foram distribuídos, de acordo com as variáveis do questionário (Tabela 2).

Em relação a experiência do acadêmico com a prática, os resultados mostram que 50% dos acadêmicos assinalaram os métodos de ensino da natação como o mais importante para o aprendizado, e apenas 6,3% destacaram dos quatro estilos no ensino na escola, sendo que 25% destacaram o próprio desenvolvimento como mais importante na sua experiência e 18,8% consideram a familiarização.

Em relação as dificuldades no ambiente não formal, ou seja, em relação ao esporte rendimento, apontam que não trabalhariam com a natação (59,5%). Sobre o trabalho com a natação na escola, como conteúdo, 96,9% apontaram interesse em trabalhar o conteúdo natação na sala de aula, de acordo com as possibilidades. Quanto aos conteúdos considerados mais importantes para o ensino da natação na escola, 75% considera a vivência corporal.

Discussão

Os acadêmicos demonstraram satisfeitos com a disciplina trabalhada pelo professor durante a graduação. Os mesmos informaram que reconheceram como uma ótima experiência com a disciplina em relação a retenção de conhecimento. Conforme Libâneo (2019), o professor, por ser considerado um arquiteto do cognitivo dos alunos, tem a função de conduzir as aulas com postura adequada fazendo com que os discentes assimilem o conhecimento, agindo de forma motivadora para que estes desenvolvam suas capacidades cognitivas. Dessa forma, o professor tem que ser o peso em conteúdo e a medida em desenvolver o ensino ao aluno. E pelo resultado encontrado, consegue observar que ocorreu tanto o desenvolvimento do conteúdo como a satisfação pelo aprendizado.

A maioria das respostas mostrou que os alunos se preocupam em aprender como ensinar, ou seja, adquirindo conhecimento sobre as formas de ensinar a natação e seus métodos. A segunda maior resposta foi para o seu próprio desempenho, focando no aprendizado da técnica individualmente (Fiori et al., 2019). Quanto ao desenvolvimento da própria técnica, considerando a própria experiência do aluno, o acadêmico focou atenção durante as aulas para melhorar suas habilidades.

Os alunos afirmaram que não atuariam com o conteúdo de natação na escola, o que está diretamente ligado aos espaços e materiais disponíveis para a prática. A forma como a aula é realizada, seja dentro ou fora da piscina, pode tornar a aula desinteressante para os alunos. É necessário perceber que a aula deve contar com fontes de ensino que possam garantir tanto o aprendizado quanto o desenvolvimento dos alunos em relação à prática e ao aprendizado motor. Portanto, a utilização de aulas mais prazerosas, lúdicas e com foco no ensino da modalidade é fundamental (Fonseca, 2018). Isso não será possível sem os materiais e espaços adequados para o ensino de qualquer modalidade esportiva.

A consideração mais importante para o ensino, conforme os acadêmicos, é o que os alunos mais precisam aprender, destacando a vivência corporal como fundamental para transmitir o conteúdo aprendido na disciplina sem que o ensino seja apenas técnico e sem resolução dos problemas motores oferecidos pelo meio líquido (Figueiredo, 2018). Para as crianças, o aprendizado na natação é visto como uma forma de sobrevivência, o que leva os pais a matricularem seus filhos em aulas de natação (Silva et al., 2021).

A maior preocupação dos acadêmicos está relacionada à possível falta de materiais no ambiente de trabalho. Muitas escolas públicas e particulares não possuem piscina própria, mas buscam parcerias com clubes e academias para oferecer essa prática (Vargas & Franken, 2019). No entanto, é importante considerar que a criação e manutenção de uma piscina olímpica requer um investimento considerável, estimado em 48 mil reais, o que poderia ser um valor estabelecido para orçamento em ambientes particulares de ensino (Fonseca, 2018). Uma alternativa seria optar por uma piscina semiolímpica, que possui dimensões menores, mas também demanda investimento semelhante para criação e manutenção (Oliveira, 2020).

Em relação ao espaço e materiais, é destacado o desafio das salas de aula populosas, com uma média de 40 alunos em escolas públicas, o que dificulta o ensino da natação de forma técnica e adequada (Nascimento & Cavalcante, 2018). Apesar disso, é possível pensar em estratégias de ensino que atendam às necessidades dos alunos em ambientes populosos, embora haja desafios no ensino da técnica específica da natação.

A maioria das respostas reflete a considerável importância que os acadêmicos atribuem às técnicas de nado. O aprendizado dessas técnicas é crucial, uma vez que o ensino dos quatro estilos demanda um conhecimento técnico aprofundado. A natação, enquanto esporte, requer habilidades técnicas significativas, pois essas habilidades auxiliam na desenvoltura do indivíduo na água, tornando a prática menos exaustiva. Portanto, é recomendável que o professor compreenda como equilibrar a ludicidade e a técnica durante as aulas, buscando uma variedade que atenda às necessidades dos alunos.

As limitações do estudo se referem a inclusão de somente uma instituição, restringindo o perfil e variedade da amostra. No entanto, os participantes do estudo pertencem ao único curso de Licenciatura em Educação Física (quatro anos de duração) do município, o que reflete em maior representatividade. Além disso, a ausência de modelos estatísticos robustos não permite o estabelecimento da relação de causa e efeito. Novas perspectivas em relação a atuação desses profissionais em estudos longitunais trarão informações sobre a eficiência do desenvolvimento do ensino da disciplina. Ainda, poderia ser investigado a satisfação das próprias crianças e seus familiares quanto ao desempenho desse profissional.

Conclusão

O estudo mostrou que os estudantes da disciplina de natação possuem interesses na prática e futuramente trabalhar com o conteúdo na escola. Ainda bem que foi a experiência na ótima. Também reportaram uma preocupação com a infraestrutura das escolas para atender o conteúdo.

A maior parte dos acadêmicos respondeu que trabalharia sim o conteúdo da natação na escola (59.5%) no entanto se preocupam com as possibilidades de se abordar a matéria, na grande maioria pela falta de materiais, e ainda foi aceita a colocação e que a quantidade de alunos que se encontra em salas de aula hoje, poderia ser um problema em potencial, juntamente com a grande quantidade de conteúdo a ser abordado na Educação Física na escola, e o seu ensino sendo abordado somente de forma teórica seria maçante, mas não justiçável para a falta dele. Isso leva a pensar que a experiência na instituição de ensino superior foi importante para inserção destes futuros professores neste meio, pois foi marcante.

As respostas se voltaram para as formas de passar estes ensinamentos para os futuros alunos. A importância de um professor que saiba apresentar as etapas evolutivas, técnicas e didáticas para o ensino da natação são fundamentais, o que foi observável em nosso estudo.

Referencias

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