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Quem são “todos”? Investigando o perfil dos grupos brasileiros de Ginástica para Todos
Resumo: Este estudo teve como objetivo identificar o perfil de grupos brasileiros de Ginástica para Todos (GPT). Para isto, foi realizada uma pesquisa de caráter quantitativo, na qual foi utilizada um questionário online (Google Forms) respondido por 378 integrantes adultos de 22 grupos. A análise dos dados foi realizada por meio de Estatística Descritiva. Os dados colocam em evidência o protagonismo da região Sudeste, bem como confirmam a forte atuação das universidades públicas no desenvolvimento desta prática gímnica no contexto brasileiro. Ainda que em projetos extensionistas esta diferença seja mais tímida, há um predomínio de integrantes do sexo feminino na composição dos grupos. Quanto a idade dos praticantes, confirmamos a adesão da prática por diferentes faixas etárias, inclusive dentro de um mesmo grupo, porém com uma expressiva dominância de jovens adultos. Por fim, os dados também corroboram a hipótese de que a GPT pode consagrar-se como uma prática de longa permanência, uma vez que mais de um terço dos integrantes relatam fazer parte de seus respectivos grupos a mais de quatro anos.
Palavras-chave: Ginástica, Participação esportiva, Brasil, Esporte para Todos.
Who are “all”? Investigating the profile of Brazilian Gymnastics for All groups
Abstract: This study aimed to identify the profile of Brazilian Gymnastics for All (GfA) groups. Quantitative research was carried out using an online questionnaire (Google Forms) answered by 378 adult members from 22 GfA groups. Data analysis was made using Descriptive Statistics. The data confirm the protagonism of the Southeast region, as well as confirming the strong role of public universities in the GfA development in the Brazilian context. There is a predominance of female participants in the composition of the groups, although in extension projects this difference is lowered. Regarding the age of participants, adherence to the GfA activities by different age groups was confirmed, even within the same group, but with a significant predominance of young adults. Finally, the data also support the hypothesis that GfA can be practiced as a long-term physical activity, as more than a third of the members report being part of their respective groups for over four years.
Keywords: Gymnastics, Sport Participation, Brazil, Sport for All.
¿Quiénes son “todos”? Investigando el perfil de los grupos brasileños de Gimnasia para Todos
Resumen: Este estudio tuvo como objetivo identificar el perfil de los grupos brasileños de Gimnasia para Todos (GPT). Se realizó una investigación cuantitativa, mediante un cuestionario en línea (Google Forms) que fue respondido por 378 miembros adultos de 22 grupos. El análisis de los datos se realizó mediante estadística descriptiva. Los datos resaltan el protagonismo de la región sudeste, además de confirmar el fuerte papel de las universidades públicas en el desarrollo de esta práctica en el contexto brasileño. Existe un predominio de integrantes femeninos en la composición de los grupos, aunque en los proyectos de extensión esta diferencia se reduce. En cuanto a la edad de los practicantes, confirmamos la adhesión a la práctica de diferentes grupos etarios, incluso dentro de un mismo grupo, pero con un predominio significativo de los adultos jóvenes. Finalmente, los datos también corroboran la hipótesis de que la GPT puede establecerse como una práctica de largo plazo, ya que más de un tercio de los integrantes mencionan que forman parte de sus respectivos grupos desde hace más de cuatro años.
Palabras clave: Gimnasia, Participación deportiva, Brasil, Deporte para Todos.
Introdução
Dentre os desafios contemporâneos discutidos quando o assunto é a prática do esporte, o aumento da participação e a maior acessibilidade estão entre os mais recorrentes, fundamentando discursos de promoção da prática esportiva e diferentes noções no campo do esporte como, por exemplo, o Esporte para Todos (Eichberg, 2011; Hylton e Totten, 2013), o Esporte para o Desenvolvimento e para Paz (Simon, 2012) e os Eventos Esportivos de Participação Massiva (Coleman e Ramchandani, 2010; Bauman et al., 2009). Perpassando diferentes modalidades, a inclusão é um dos tópicos elementares deste olhar contemporâneo para o esporte e faz com que diferentes coletivos se movimentem dentro e fora das instituições esportivas em prol de ações concretas e efetivas na promoção da prática esportiva e de programas mais inclusivos (Cunningham, 2019).
No contexto das práticas gímnicas, especialmente ao tratarmos das práticas que estão sob organização da Federação Internacional de Ginástica (FIG), a Ginástica para Todos (GPT) assume um papel protagonista frente a esta demanda contemporânea. Diferenciando-se expressivamente das práticas esportivizadas – como a Ginástica Artística, a Rítmica e as demais modalidades que possuem seus respectivos Códigos de Pontuação e são desenvolvidas a partir de modelos técnicos pré-estabelecidos e controlados por um sistema de arbitragem (Silva et. al., 2021) –, a GPT é uma prática gímnica realizada em grupo, fundamentalmente demonstrativa, fortemente associada à vertente não-competitiva da ginástica, que tem na apresentação de coreografias em festivais sua principal forma de manifestação (Patrício e Carbinatto, 2023). Assim, embora institucionalmente a GPT esteja lado a lado dos esportes ginásticos, sua prática detém características elementares que nos permitem compreendê-la como uma forma de fazer ginástica mais flexível, acessível e plural (Bortoleto, 2012).
Dessa maneira, a GPT projeta-se como uma prática participativa que dialoga, inclusive institucionalmente, com as premissas atuais da diversidade (culturais, estéticos, de gênero), além de integrar participantes multietários e com as mais variadas habilidades e experiências (FIG, 2023). Logo, algumas de suas características fundantes, como a ausência de um código gestual e de categorias etárias (Silva et al., 2021), aproxima a prática da GPT aos interesses educacionais, voltados para o lazer (Domingues e Tsukamoto, 2021) e para a promoção de uma vida ativa, podendo contemplar variados perfis de praticantes e suas respectivas particularidades.
Ao observar o contexto brasileiro, parece haver um crescimento contínuo não só da literatura, mas também dos eventos acadêmicos-científicos, dos festivais e, portanto, da prática da GPT por inúmeros coletivos espalhados por todas as regiões do país, ainda que essa trajetória se dê em ritmos distintos em diferentes lugares (Antualpa et al., 2022; Corrêa et al., 2022; Link et al., 2016; Patrício et al., 2020). Complementarmente, as características acima mencionadas permitem seu desenvolvimento em contextos bastante diversos, com perfis de praticantes que variam consideravelmente de grupo para grupo, a depender da filiação institucional, das formas de acesso ao grupo, dos objetivos, da participação em eventos, entre outros. Em síntese, é possível notar múltiplas possibilidades para seu desenvolvimento, que em suma manifestam as “múltiplas lógicas internas” que a GPT pode assumir (Menegaldo et. al., 2023).
Considerando a realidade acima indicada e a premissa soberana da GPT – a de constituir-se uma forma inclusiva de praticar ginástica –, questionamos quem são “todos”, isto é, como se constituem os grupos desta prática gímnica no Brasil com relação aos seus praticantes. Com intuito de discutir essa problemática, este estudo teve como objetivo identificar o perfil de grupos brasileiros de Ginástica para Todos.
Percurso metodológico
Participantes e aspectos éticos
Participaram da pesquisa 378 integrantes adultos de 22 grupos brasileiros de Ginástica para Todos. Todos os grupos participantes atendiam aos seguintes critérios de inclusão de grupos: a) grupo estar ativo no momento da coleta de dados; b) mínimo três anos de atividades regulares; c) participação em, no mínimo, um dos festivais de Ginástica para Todos elencados pelos pesquisadores nos últimos cinco anos – World Gymnaestrada, Fórum Internacional de Ginástica para Todos, Congresso Brasileiro de Ginástica para Todos e GymBrasil; d) grupos constituídos, majoritariamente, por maiores de idade.
O contato com os integrantes foi mediado pelos coordenadores dos grupos, os quais disponibilizaram uma listagem dos membros ativos e com participação de, no mínimo, seis meses – critérios de inclusão de integrantes. A mediação do coordenador nesta etapa permitiu o acompanhamento do preenchimento do questionário a partir da listagem inicial de integrantes, o que contribuiu para uma alta taxa de resposta (97,7%). A participação no estudo foi viabilizada mediante leitura e aceite do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme previsto na aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (CAAE: 13426719.3.0000.5404) sob o parecer n. 3.402.681.
Instrumento
A participação foi realizada por meio de um questionário online (Faleiros et al., 2016; Gil, 2019; Bihu, 2021), elaborado na plataforma Google Forms®, com perguntas abertas e fechadas. O instrumento foi elaborado para esta pesquisa e foi aprimorado por meio de três diferentes estudos pilotos com grupos de GPT não incluídos na amostra do estudo, além da consulta a pesquisadores doutores da área.
Análises de dados
Foi criada uma planilha eletrônica no Microsoft Excel para tabulação dos dados. Foram estabelecidas as seguintes variáveis de perfil dos grupos: localidade, sexo, filiação institucional, faixa etária, tempo de prática e tempo de participação dos integrantes nos seus respectivos grupos. A análise foi realizada por meio dos recursos da Estatística Descritiva (Bussab e Morettin, 2017).
Resultados e Discussões
A apresentação dos dados será acompanhada de interpretações e reflexões, de forma a promover uma discussão mais fluída dos resultados que emergiram do estudo, além de possibilitar alguns diálogos entre as diferentes temáticas abordadas. Desta maneira, as seis variáveis acima serão exploradas na ordem já mencionada.
Sobre a distribuição regional dos grupos
A respeito da localidade, observamos uma concentração de grupos na região Sudeste (Figura 1), dado que parece convergir com um cenário indicado por outros estudos que revelam uma centralização nesta região com relação ao desenvolvimento das práticas gímnicas, incluindo a GPT (Carbinatto et al., 2016; Patrício et al., 2020). A quantidade de grupos/praticantes, a maior oferta de locais de prática (como clubes socioesportivos, escolas, universidades e outras instituições), a quantidade de professores/treinadores, entre outros aspectos, talvez possa estar associada à maior produção de conhecimento sobre a temática nessa região (Carbinatto et al., 2016; Oliveira et al., 2021; Simões et al., 2016).
De forma similar ao destaque concedido a região Sudeste em relação às outras regiões, os dados colocam o estado SP também em evidência, quando comparado a RJ, ES e MG. Uma vez mais, esse predomínio parece estar relacionado com uma trajetória histórica que consolidou um forte envolvimento com as práticas gímnicas no estado, que se destaca não só pela maior oferta, mas principalmente pela concentração de grupos de pesquisa (Simões et al., 2016) e, consequentemente, pela liderança na produção científica nessa área – incluindo artigos, teses e dissertações (Carbinatto et al., 2016; Oliveira et al., 2021). Ademais, é possível afirmar que SP reúne, em uma espécie de linha do tempo da GPT, diversas ações que contribuíram para o reconhecimento da prática no cenário nacional (Patrício et al., 2020) e que, mais do que isso, permitiram uma alavancada no que concerne à formação e capacitação de professores para atuação em contextos diversos. Nesse sentido, vale mencionar o Fórum Internacional de Ginástica para Todos (FIGPT), evento que acontece desde 2001 sob coordenação do Grupo de Pesquisa em Ginástica (GPG) da FEF-Unicamp em parceria com o Serviço Social do Comércio (SESC) de Campinas/SP, fortemente influenciado pelas premissas do Grupo Ginástico Unicamp (GGU) (Graner et al., 2017; Paoliello et al., 2014), e que contribuiu sobremaneira para o desenvolvimento da GPT na região, ainda que também reverbere nacionalmente (Carvalho et al., 2018).
Com número expressivamente menor, a região Centro-Oeste aparece com três grupos, todos eles provenientes do estado de Goiás. Posto isto, vale mencionar que ações promovidas nessa região contribuíram sobremaneira nos últimos anos para a disseminação dessa prática. Por exemplo, a realização do Congresso Nacional de Ginástica para Todos, evento que teve início em 2010 com uma proposta articulada também à área da Dança, mas que ao longo de suas edições se descola dessa temática e torna-se um dos eventos de referência para a área da ginástica ao lado do FIGPT, reunindo praticantes, professores, coordenadores de grupo, gestores e pesquisadores da GPT de várias regiões de nosso país (Oliveira e Toledo, 2020).
As demais regiões – Sul, Norte e Nordeste – abrigam apenas um grupo cada, localizados no Paraná, no Pará e no Ceará, respectivamente. Essa distribuição, entretanto, nos desperta para uma possível contradição. Especificamente falando de GPT, a região Norte e Nordeste do Brasil, de acordo com estudos recentes (Carvalho et al., 2016; Maia e Kiouranis, 2019; Corrêa et al., 2022), possui um cenário tímido de desenvolvimento da prática, ainda com poucas instituições dedicadas à formação e promoção dessa vertente gímnica. No entanto, esse fato parece convergir com o cenário de desenvolvimento das práticas gímnicas nessas regiões, em que se observa baixo investimento e ações pontuais para a promoção das modalidades, além da escassez de espaços para a formação e especialização profissional (Carvalho, 2018; Lima, 2020), situação que difere radicalmente da região Sul.
A contradição, portanto, se encontra justamente no descompasso entre a quantidade de grupos de GPT na região Sul. Somente o estado do Paraná foi representado. Os outros estados (Santa Catarina e, principalmente, Rio Grande do Sul), mesmo com uma longa e forte tradição no campo da ginástica (Lima, 2016), incluindo uma participação significativa no âmbito das ginásticas esportivizadas, com federações estaduais ativas e universidades que figuram entre as mais produtivas na área da ginástica (Carbinatto et al., 2016; Oliveira et al., 2020; Oliveira et al., 2021; Simões et al., 2016), parecem não ter grande expressão ou envolvimento com a prática da GPT. Embora não seja o objeto de nossa reflexão, a pergunta que fica desse dissenso é justamente quais as razões para que em uma das regiões onde a ginástica se faz tão presente, a GPT pareça ter um alcance tão pouco expressivo quando comparado a outras modalidades gímnicas (Link et al., 2016).
Sobre a composição dos grupos por sexo
Comentamos anteriormente que a GPT pode ser considerada a vertente gímnica que mais concede espaço para um público heterogêneo. Essa diversidade está relacionada, entre outros fatores, à adesão da prática por pessoas de ambos os sexos sem restrições ou quaisquer categorizações. Ao responderem esta pergunta no instrumento, os integrantes distribuíram-se da seguinte forma: 262 do sexo feminino, 113 do sexo masculino e 3 que preferiram não responder. Abaixo, na Figura 2, apresentamos essa mesma distribuição, por grupo, em percentuais.
A maior participação do sexo feminino (69%) não é uma novidade, considerando outras produções que também indicam essa diferença entre a adesão do público feminino e masculino nas práticas ginásticas, incluindo a GPT. Dois estudos recentes (Bortoleto et al., 2019; Bortoleto et al., 2023) constituem-se parâmetros interessantes para essa discussão. Ao analisarem as motivações para participação na World Gymnaestrada de 2015 e 2019, respectivamente, os autores identificaram que, entre os participantes adultos do evento (acima de 18 anos), a participação feminina foi registrada em 83% na edição de 2015 e 78,17% na edição de 2019. Em outro estudo, Paoliello et al. (2016) investigaram o perfil dos participantes da World Gymnaestrada de 2011, com um recorte das delegações vinculadas a União Panamericana de Ginástica (UPAG). Uma vez mais, foi identificada a participação majoritariamente feminina (74,5%). Tendo em conta que a Word Gymnaestrada é o evento de expressão máxima da GPT no âmbito internacional, com participação de milhares de praticantes, nos parece coerente afirmar que, ainda que sua lógica preveja a livre participação, a GPT ainda espelha uma predominância feminina em seus espaços de prática.
Ainda sobre este tema, é fundamental também pensarmos que a possibilidade de prática pelo público feminino e masculino, simultaneamente, sem quaisquer tipos de regras acerca dessa participação, é uma das questões que atribui complexidade à prática no que diz respeito aos seus sujeitos (Parlebas, 2001). Isso pode exigir do coordenador e, por vezes, dos próprios integrantes de um grupo um maior cuidado e sensibilidade no momento de condução/mediação pedagógica, na proposição de dinâmicas e atividades e até mesmo na composição de coreografias, com o intuito de contemplar os diferentes corpos, suas potencialidades e habilidades. Esse cuidado é, muitas vezes, intensificado pela ausência de um sistema de categorias etárias, o que permite a prática por pessoas de idades diferentes num mesmo grupo. Esse ambiente multietário é observado com frequência nos festivais de GPT e, também por isso, está presente em vários dos grupos participantes desse estudo, conforme será discutido mais adiante.
Sobre a filiação institucional
Uma variável que merece atenção é a filiação institucional. Nesse primeiro momento, classificamos os grupos em duas categorias: “Extensionistas” e “Outros”. A primeira delas reúne os grupos de GPT que se constituem como projetos de extensão (Batista, 2019; Gadotti, 2017) e, no caso desse estudo, todos estes estão vinculados a universidade públicas, seja a nível estadual ou federal. Embora estejam no contexto da universidade, nem todos esses grupos são formados exclusivamente por estudantes universitários – um deles, inclusive, é voltado para faixas etárias mais avançadas. A categoria “Outros” é composta por grupos que têm filiações diferentes da extensão universitária como, por exemplo, clubes socioesportivos, escolas e até mesmo grupos independentes, ou seja, sem uma filiação institucional. Essa distribuição se dá da seguinte maneira: 15 dos 22 grupos figuram na categoria “Extensão universitária”, enquanto os outros 7 são classificados como “Outros”.
Corroborando o quantitativo acima, é correto afirmar que, de forma distinta ao que ocorre nas modalidades gímnicas esportivizadas, o desenvolvimento da GPT no Brasil está diretamente associado ao contexto da extensão universitária (Batista, 2019). Este cenário também difere do desenvolvimento dessa prática em outros países, especialmente ao considerarmos o importante papel das federações esportivas na disseminação de uma prática/modalidade num território nacional (Lopes e Carbinatto, 2021; Patrício et al., 2020). Essa predominância foi objeto de estudo de inúmeros trabalhos que indicam que o contexto da extensão parece convergir em grande medida com as proposições pedagógicas e com o entendimento de GPT que se disseminou fortemente no contexto universitário brasileiro nas últimas duas décadas, movimento que teve expressiva influência da proposta metodológica forjada pelo GGU (Graner et al., 2017). Nesse cenário é possível observar uma lógica de “retroalimentação” da prática da GPT, uma vez que muitos dos praticantes dos projetos extensionistas são justamente futuros professores de Educação Física que tomam contato com a prática ainda durante a formação inicial, o que acaba sendo uma estratégia de capacitação e promoção da prática (Graner et al., 2017; Bahu e Carbinatto, 2016).
Considerando isso, o que extraímos dessa variável acerca da filiação é que de fato a GPT pode se fazer presente em espaços com características muito distintas. Sabemos que a prática já adentrou no âmbito escolar e compõe não só o currículo de aulas de EF, mas também os espaços extracurriculares (Ayoub, 2014; Tostes et al., 2021). Além disso, inseriu-se no âmbito das Organizações Não Governamentais (ONGs) e projetos sociais (Assumpção e Toledo, 2023), figura de forma expressiva em diferentes unidades do SESC (Silva, 2020) e vem ganhando espaço em diferentes instituições com ações propositivas a pessoas com diferentes deficiências (Salerno e Carbinatto, 2022). Tudo isso contemplando as mais distintas faixas etárias.
Outra análise que nos parece relevante é a disposta na Figura 3 abaixo, em que apresentamos duas variáveis de forma combinada: sexo e filiação.
Ao observamos a Figura 3 acima conjuntamente com a distribuição dos grupos da Figura 2 antes apresentada, duas questões nos chamam a atenção. Dos 22 grupos estudados, cinco são compostos exclusivamente por integrantes do sexo feminino (G5, G9, G11, G17, G19), sendo que G5, G9 e G19 são da categoria “Outros”, não fazendo parte do contexto extensionista. O G11, embora institucionalmente seja considerado um projeto de extensão, tem uma proposta diferenciada, direcionada para a adesão de mulheres adultas maiores, isto é, sem vínculo como estudante universitário. Por outro lado, temos cinco grupos que possuem uma composição expressivamente equilibrada (G4, G8, G13, G14 e G16), e todos eles são projetos extensionistas. Esses dados nos fizeram identificar um predomínio da maior participação de integrantes do sexo masculino entre os grupos universitários, o que pode ser interpretado a partir do Gráfico 3. Uma possibilidade de interpretação desse dado é que o projeto extensionista, pelo vínculo com o ambiente crítico e reflexivo oriundo da universidade (ou que ao menos assim deveria ser), pode ser considerado um espaço mais plural e, por vezes, menos estereotipado para a promoção de diferentes práticas do corpo — e, por isso, talvez mais permissivo com a quebra de engendramentos como, por exemplo, acerca do gênero nas práticas gímnicas (Oliveira et al., 2021), que são no senso comum prioritariamente associadas ao público feminino.
Sobre as faixas etárias dos praticantes e a possibilidade de grupos intergeracionais
A ausência da divisão dos praticantes em categorias etárias na prática da GPT é algo que decorre da ausência de códigos institucionalizados (FIG, 2023), o que faz com que a composição dos grupos neste quesito possa ser, ora muito homogênea, ora muito heterogênea (Menegaldo et al., 2023). Essa característica fica evidente ao analisarmos o contexto dos grupos estudados (Figura 4), nos quais é possível encontrar coletivos constituídos por integrantes de idades muito similares, mas também muito distintas, cenário que se nota em 15 dos 22 grupos, que possuem uma diferença entre a idade mínima e máxima dos integrantes maior do que 20 anos.
Os sete grupos que possuem uma faixa etária mais homogênea – com amplitude menor ou igual a 20 anos – são, em sua grande maioria, grupos extensionistas (G1, G4, G12, G13, G14, G15). Este fato pode estar relacionado com uma maior exposição e trânsito da comunidade interna das universidades nestes coletivos, especialmente discentes de graduação e pós-graduação. Justamente por isso, é comum que a extensão universitária tenha também uma grande rotatividade de seus participantes (Almeida, 2016; Graner et al., 2017), na medida em que a possibilidade de participação no projeto muitas vezes está atrelada à permanência no ambiente universitário para o cumprimento das atividades acadêmicas. No entanto, isso não é uma regra, dado que alguns dos projetos de extensão tem grandes janelas etárias, como os grupos G2, G8, G11, G17 e G21, que possuem mais de 30 anos de diferença entre os integrantes com menor e maior idade.
A implicação dessa “reunião” de faixas etárias distintas num mesmo grupo tem relação, como mencionamos, com a complexidade que se cultiva no espaço de prática. Um grupo que possui integrantes de 24 e 84 anos, simultaneamente, como é o caso do G7, constitui-se num ambiente de extrema heterogeneidade: os corpos são heterogêneos, as experiências – não só com a ginástica, mas com quaisquer outras atividades – são distintas, os objetivos para com a prática podem ser diferentes, a forma de se relacionar e a própria fase de vida podem distinguir fortemente entre os integrantes. Nesse sentido, um grupo de prática multietário – reconhecido na literatura também como intergeracional (Giraudeau e Bailly, 2019; Zhong et al., 2020) – é, ao mesmo tempo, uma experiência positiva e desafiadora.
Ainda que não específica sobre GPT, a literatura sobre grupos intergeracionais nos permite identificar que os benefícios desse perfil de grupo vão desde a melhora da saúde psicossocial, da função cognitiva, do bem-estar e qualidade de vida até um aumento dos níveis de atividades físicas e sociais, além da melhora da relação com o processo de envelhecimento no caso dos praticantes adultos e idosos (Zhong et al., 2020). Outro estudo, realizado por Alcock et al. (2011), revelou que uma experiência intergeracional entre adolescentes e idosos culminou na redução de estereótipos atrelados a faixa etária, no aumento do reconhecimento entre os integrantes do grupo e na criação de um senso de comunidade. Ademais, vale mencionar que em alguns grupos foi possível identificar a presença de familiares de gerações distintas, como mãe/pai e filhas e filhos.
Sem desconsiderar os pontos positivos dessa diversidade etária, não podemos deixar de pensar nos desafios que isso acarreta ao ambiente de prática, principalmente quando pensamos nos demais contextos da vida cotidiana – trabalho, escola, universidade. São poucos os espaços que fomentam essas relações entre diferentes gerações, nos expondo, na maioria das vezes, a experiências muito homogêneas do ponto de vista da faixa etária. Contribui para essa homogeneidade também a forma como socialmente se reconhece o processo de envelhecimento, muitas vezes alinhados ao momento de aposentadoria, muito caracterizado por um retraimento da participação desse adulto/idoso nas suas mais diversas atividades (Huxhold et al., 2014; Pinto e Neri, 2017).
Apesar desse potencial, também chamamos a atenção para o fato de que, mesmo que alguns grupos possuam uma amplitude significativa em relação à idade, quando distribuímos os participantes (n=378) por faixas etárias, notamos uma frequência muito discrepante entre as faixas extremas, uma vez que 62,9% dos participantes encontram-se entre 18 e 32,6 anos (Figura 5). Nesse aspecto, identificamos uma dissonância entre discurso e prática: embora a GPT seja a vertente que potencialmente culmina num público mais heterogêneo, na quebra de certos estereótipos e na promoção de uma ginástica mais acessível do ponto de vista técnico, ainda assim, no cenário brasileiro, ela parece não desenvolver esse potencial multietário de forma expressiva. Tal fato é constatado indiretamente por pesquisas que vem abordando o desenvolvimento da prática com idosos (Lopes e Santos, 2021; Moreno e Tsukamoto, 2018; Santos e Tsukamoto, 2020; Silva et al., 2022). Isso, claro, pode estar relacionado com a significativa “dependência” da extensão universitária com relação a constituição de grupos de GPT a nível nacional. Apesar disso, poderíamos questionar se a adesão majoritária de adultos com menos de 30 anos, mesmo no contexto dos projetos extensionistas, não estaria na realidade atrelada a um entendimento de ginástica como uma prática para pessoas jovens, ou seja, de um não reconhecimento desta prática como uma alternativa viável e potente para outras faixas etárias.
Sobre o tempo de prática e de permanência no grupo
Como última variável de análise, apresentamos os dados referentes ao tempo de envolvimento dos praticantes com a GPT, variável que já foi tema de outras análises que investigam os modos de funcionamento dos grupos desta prática gímnica, especialmente pensando as influências que o tempo de prática pode oferecer nas dinâmicas relacionais entre integrantes de um mesmo grupo (Menegaldo e Bortoleto, 2020; Menegaldo, 2022). Em uma primeira perspectiva (Figura 6), traremos o tempo de contato com a prática, independente do vínculo com um determinado grupo, vínculo este que será explorado na Figura 7, que apresenta o tempo de permanência/atividade dos integrantes em seus respectivos grupos atuais, isto é, do momento da participação na pesquisa. A Figura 8, por fim, apresenta uma síntese destes dados, não mais divididos por grupo, mais sim por categorias de tempo de participação, o que nos possibilita outras análises.
Ao analisarmos a frequência de integrantes nas cinco categorias, nos deparamos com um cenário curioso. Entre os 378 praticantes de GPT que participaram da pesquisa, 41% indicaram ter contato com a prática por tempo superior a quatro anos, número que se mantém elevado entre os integrantes com mais de quatro anos de pertencimento aos seus grupos (37,3%). Na mesma esteira, a categoria que reúne os integrantes que praticam e pertencem aos seus grupos entre 1 e 3 anos também conta com uma frequência alta, representando 34,6% e 37,5% dos participantes, respectivamente. Isso nos mostra que tanto para o tempo de contato com a prática como para o tempo de participação no grupo, menos de um terço dos participantes pratica/compõe os grupos de GPT num período inferior a um ano.
Com base nisso, é possível iniciarmos uma discussão acerca de um dilema que permeia todo o contexto das práticas corporais, principalmente quando falamos de práticas que se distanciam da alta performance esportiva e que se aproximam do lazer (Domingues e Tsukamoto, 2021), ou até mesmo das atividades que objetivam a melhora da saúde, bem-estar e qualidade de vida. Nos referimos à dificuldade da manutenção da prática a longo prazo pelos praticantes ou, em outras palavras, ao desafio não só de ingressar, mas principalmente de fazer com que os praticantes permaneçam na prática escolhida por um tempo dilatado (Menegaldo e Bortoleto, 2020).
A importância da manutenção de uma prática corporal para a obtenção dos seus benefícios vem sendo amplamente explorada pela literatura nas últimas décadas, consolidando-se como objeto de inúmeras investigações científicas (Aily et al., 2017; Room et al., 2017). Frequentemente associada à questão da motivação, a permanência em uma prática corporal pode ser condicionada por diversos fatores. No caso da GPT, as motivações para sua manutenção perpassam múltiplos fatores, alguns deles já inferidos por outros estudos (Bortoleto et al., 2023; Menegaldo, 2022; Silva et al., 2022): a percepção de melhoria de desempenho e condicionamento físico, a aprendizagem de novos movimentos e padrões básicos de movimento da ginástica, o contato com infraestrutura e materiais distintos, a participação nos festivais ginásticos, o ato de se apresentar e as relações constituídas no interior dos grupos.
A partir dos dados, portanto, é possível assumir que a prática da GPT nos grupos estudados vem permitindo uma permanência prolongada, indo ao encontro, inclusive, à atualização da filosofia dos 4F’s da GPT propagada pela Federação Internacional de Ginástica, que recentemente incluiu um quinto F – “Forever” (FIG, 2023), fazendo referência justamente a possiblidade de uma prática da ginástica “para a vida toda”. No caso dos dados aqui apresentados, essa permanência diz respeito também à participação num mesmo grupo, fato que parece distinguir a GPT de outras práticas corporais como, por exemplo, as ginásticas de condicionamento, onde existe uma notória rotatividade dos praticantes entre as várias academias ou, como em voga hoje, entre os vários “boxes” de treinamento. É claro que não podemos deixar de pensar que os grandes períodos de permanência num mesmo grupo de GPT podem estar relacionados, por exemplo, com um baixo número de instituições que oferecem a prática, o que faz com que em muitas regiões haja poucas opções de acesso a essa vertente gímnica. Entretanto, não temos dúvida que esse pertencimento prolongado está também associado aos fatores que citamos anteriormente para permanência na prática, especialmente no que diz respeito as questões ligadas à sua dimensão social (Menegaldo, 2022).
Destacamos, portanto, os grupos G5, G7, G10, G11, G13, G19, G20 e G22, que possuem mais da metade de seus integrantes com mais de quatro anos de pertencimento, com ênfase para G10, G19 e G22, que possuem 67%, 100% e 76% de integrantes respectivamente com mais de sete anos de atividades junto aos seus grupos. Uma questão que nos chama atenção é que entre os sete grupos que possuem filiação diferente da extensão universitária (“Outros”), apenas um deles (G21) não figura entre os grupos citados acima a respeito da longa permanência. Esse fato parece, por um lado, reiterar o maior fluxo (entrada e saída) de integrantes no contexto extensionista, devido às particularidades comentadas anteriormente e, por outro, pontuar os grupos não extensionistas como espaços que viabilizam uma permanência ainda mais prolongada na prática.
Sobre essa possibilidade de participação duradoura, é possível pensarmos que um longo período pertencente a um mesmo grupo tende a tornar esses integrantes cada vez mais maduros acerca da convivência e das relações que vão sendo construídas entre eles, além de estarem mais familiarizados com a lógica de funcionamento do grupo, com suas dinâmicas, ritmos, limitações – com o ambiente de prática de uma forma geral. Isso, em teoria, acarreta num ambiente mais coeso, ao menos da perspectiva dos objetivos e do funcionamento das atividades cotidianas. Por outro lado, grupos majoritariamente formados por integrantes com pouco tempo de participação tendem a “rotativizar” não apenas os participantes, mas, por vezes, também seu modo de funcionamento, já que constantemente sua “engrenagem” – costumes, dinâmicas, combinados, regras – precisa modificar parte de suas “peças”, isto é, receber novos integrantes e se despedir de outros antigos.
Esse ajuste nos modos de funcionamento cotidianos, no entanto, acaba por intensificar ainda mais a heterogeneidade e, consequentemente, a complexidade das interações existentes nesses espaços, principalmente se a forma de compreensão/desenvolvimento da GPT por parte do grupo se der de forma a priorizar a participação ativa e o trabalho coletivo (Graner et al., 2017; Lopes, 2020). Um grupo que a todo momento recebe novos praticantes é um grupo que exige mais dos integrantes mais experientes no momento do compartilhamento dos saberes que circulam naquele coletivo, e aqui não nos referimos apenas aos saberes corporais, mas também as dinâmicas dos encontros, a metodologia para a realização de suas atividades e a forma de convivência.
Nesse sentido, independentemente da forma de organização interna que impera em um determinado grupo de GPT ou da metodologia adotada para desenvolvê-la, quer seja mais diretiva ou mais horizontal, grupos mais maduros – nesse caso, com mais integrantes com longa permanência – têm mais facilidade para “operacionalizar” esse processo de transmissão, que ocorre de forma mais orgânica, quiçá mais rápida. No entanto, essa “rapidez”, ou ainda, uma espécie de “automatização” da forma de funcionamento de um grupo nem sempre é sinônimo de maiores habilidades sociais por parte dos integrantes (Menegaldo et al., 2023), especialmente quando olhamos para a prática da GPT como uma potente forma de desenvolvimento da cooperação, do respeito e de relações de reconhecimento social, elementos que dependem de processos coletivos e, muitas vezes, dialógicos para emergirem no interior dos grupos.
Conclusões
A realização deste estudo nos permite, ao final, identificarmos indícios para respondermos, ainda que parcialmente, a pergunta que norteia esta investigação: quem são “todos” quando falamos da prática da Ginástica para Todos no cenário brasileiro? O protagonismo das universidades como filiação institucional dos grupos estudados; a grande concentração de coletivos na região Sudeste do país; a maior adesão da prática por integrantes do sexo feminino, com grupos minimamente mais equilibrados no contexto dos projetos extensionistas; a grande amplitude etária, ainda que algumas faixas etárias sejam mais expressivas que outras; o tempo de prática muito similar ao tempo de participação em um mesmo grupo, indicando vínculos de longo prazo dos integrantes com seus coletivos – todos esses achados revelam tendências acerca do perfil dos grupos no contexto investigado.
Ainda que os achados acima revelem também as lacunas de participação que necessitam atenção – como, por exemplo, o pequeno quantitativo, quando não a ausência, de grupos em determinados estados/regiões do país e a participação mais tímida de praticantes do sexo masculino – os grupos de Ginástica para Todos estudados compõem, frequentemente, espaços heterogêneos de prática da ginástica e, mais do que isso, constituem-se em contextos que viabilizam o acesso à essa prática gímnica por diferentes públicos, especialmente quando nos recordamos que muitos destes praticantes iniciam na Ginástica para Todos já adultos ou até mesmo idosos.
A respeito deste início tardio, uma análise que se soma a essas reflexões é a que realizamos no estudo recentemente publicado acerca das experiências prévias de praticantes de GPT (Menegaldo e Bortoleto, 2024), pesquisa que foi realizada com os integrantes dos mesmos 22 grupos aqui estudados. Ao investigarmos quais eram as experiências anteriores destes praticantes adultos com outras práticas corporais, nos deparamos com um cenário onde mais da metade (56%) declarou não possuir qualquer contato com a ginástica antes de iniciar a GPT, revelando ainda um contato mais próximo dos colaboradores com outras práticas artístico-expressivas – como diferentes vertentes da Dança, Ballet e Circo – do que com a própria ginástica. Estes achados vão ao encontro dos dados apresentados acima, confirmando desde outra perspectiva, a possibilidade de acesso à GPT por parte de um público diverso.
Por certo, há limites em nossa investigação que devem ser considerados, especialmente ao serem pensadas novas ações investigativas com objetivo de identificar e compreender o perfil destes grupos. Como uma primeira limitação, destacamos os critérios para inclusão dos grupos na pesquisa, uma vez que estes foram pautados, prioritariamente, na participação em determinados festivais ginásticos, nacionais e internacionais. No entanto, sabemos que existem grupos que podem não ter participado destes eventos e, por conta disso, ficaram fora de nossa amostra. Outro limite diz respeito ao fato de nossa pesquisa possuir um recorte para com o público adulto, o que faz com os participantes de faixas etárias mais jovens – crianças e adolescentes – não tenham entrado em nossos dados, mesmo sabendo que representam uma parcela expressiva de praticantes, especialmente quando tratamos de grupos não extensionistas, isto é, filiados a clubes socioesportivos, escolas e academias. Por fim, reforçamos que foram eleitas algumas variáveis de análise, mas que é desejável que estas sejam complementadas por outras lentes como, por exemplo, a proposta por Antualpa et al. (2022).
De todo modo, acreditamos que os dados aqui apresentados corroboram uma Ginástica para Todos plural e participativa, que possibilita a conformação de grupos heterogêneos que contemplem as premissas de inclusão e diversidade vinculadas à esta prática gímnica (FIG, 2023) e às suas múltiplas possibilidades de desenvolvimento (Menegaldo et al., 2023). Certamente, somado a esforços nesta mesma direção, esperamos que o estudo possa contribuir para a compreensão do perfil dos grupos da realidade brasileira, permitindo também oferecer reflexões que auxiliem a atuação de pesquisadores e pesquisadoras, coordenadores e coordenadoras de grupo envolvidos com a Ginástica para Todos no Brasil.
Agradecimentos
Agradecemos a todos os grupos de Ginástica para Todos que participaram deste estudo, seus(suas) respectivos(as) integrantes e coordenadores(as), pelo apoio e pela disponibilidade em colaborarem neste processo de pesquisa.
Financiamento
Este estudo foi parcialmente financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), (bolsa GD – n. 140497/2019-6).
Conflitos de interesse
Os autores declaram não haver conflitos de interesse.
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Recepción: 19 Diciembre 2023
Aprobación: 30 Marzo 2024
Publicación: 01 Abril 2024