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A trajetória de vida do treinador de canoagem havaiana: desafios inerentes ao estabelecimento e desenvolvimento do campo de atuação profissional
Resumo: O objetivo do presente estudo foi descrever as situações episódicas da trajetória de vida de um treinador de canoagem havaiana no seu desenvolvimento e no estabelecimento do seu campo de atuação. Foi realizada uma entrevista semiestruturada baseada em incidentes críticos. A análise dos dados se deu pela espiral de Creswell e os resultados foram apresentados em vinhetas do tipo retrato. Identificou-se sete contextos com os episódios marcantes da sua trajetória, divididos nas vinhetas: infância, inserção na canoagem havaiana, trilhando por um novo caminho, a estruturação do clube, consequências do crescimento: positivas e negativas, busca constante por conhecimento e dias atuais. O desenvolvimento do treinador pareceu se dar pelas experiências ao longo da vida, iniciando por aquelas vivenciadas na infância. O curso de Educação Física, por sua vez, contribuiu para aprendizagem de conhecimentos interpessoais, necessários ao desenvolvimento da relação treinador-atleta. Já o estabelecimento do campo de atuação se deu por iniciativa própria, uma vez que a canoagem havaiana era emergente no Brasil e ainda não possuía um campo estabelecido.
Palavras-chave: Aprendizagem, Coaching, Esporte de Aventura.
Lifestory of outrigger canoeing coach: challenges in herent to establishing and developing the professional field of practice
Abstract: The aim of this study was to describe episodic situations in the lifestory of na outrigger canoeing coach for his own development and for the establishment of his professional field of practice. A semi-structured interview was conducted based on critical incidents. Data was analyzed using Creswell’s spiral and the results were presented in portrait vignettes. Seven contexts with remarkable episodes of hisstory were identified, and divided into the following vignettes: childhood, insert ion into outrigger canoeing, walking in a new way, structuring the club, positive and negative consequences of growth, constant search for knowledge, and current days. The coach's development see med to take place through life-long experiences; beginning with those lived during childhood. Due to the emergente nature of outrigger canoeing in Brazil, establishing the professional field of practice was the coach’sown initiative.
Keywords: Learning, Coaching, Adventure Sport.
Introdução
O treinador esportivo na sociedade contemporânea tem sido reconhecido como um agente central na promoção da performance esportiva, desenvolvimento pessoal e da qualidade de vida e saúde de crianças, jovens e adultos em diferentes contextos de prática (Gilbert & Côté, 2013). Os contextos em que o treinador atua orientam a sua intervenção profissional (processo de coaching), em função dos objetivos a serem alcançados, os indivíduos com quem trabalha e também as características da modalidade em que atua (International Council for Coaching Excellence [ICCE], 2012).
No contexto dos esportes de aventura, além do aprimoramento de habilidades técnicas e desenvolvimento de competências físicas e psicológicas, o treinador também busca promover a autonomia do praticante frente à sua modalidade (Brasil, Ramos, Kuhn, Souza, & Nascimento, 2017; Brasil, Ramos, Souza, Barros, & Nascimento, 2016; Collins & Collins, 2012). Esta independência consiste na capacidade de o praticante sozinho escolher o melhor local, analisar os riscos, ajustar os equipamentos de acordo com as condições e desempenhar suficientemente o seu esporte (Collins & Collins, 2012). A necessidade de promover a autonomia do praticante, apesar de parecer um objetivo comum em qualquer esporte, é uma demanda específica dos esportes de aventura, uma vez que o próprio ambiente de prática que ocorre junto à natureza, oferece riscos e incertezas constantes que se não forem gerenciados de forma prudente podem interferir na integridade física do praticante (Funollet, 1995; Paixão, 2010). Desta maneira, o treinador de esportes de aventura, deve ser capaz de gerenciar o contexto em que atua de maneira que seja atrativo e seguro para a aprendizagem de praticantes e atletas.
Diante das características dos esportes de aventura, o treinador envolvido nesses contextos necessita dominar um corpo de conhecimentos e competências que o diferencia de treinadores de esportes convencionais (Collins & Collins, 2012; Ramos, Brasil, & Goda, 2013). A agenda científica nos últimos 20 anos tem desvelado por quais caminhos os treinadores esportivos aprendem e alicerçam sua prática (Callary, Werthner, &Trudel, 2012; Tozetto, Galatti, Scaglia, Duarte, & Milistetd, 2017), fornecendo evidências fundamentais para suportar programas de formação e desenvolvimento profissional em todo o mundo (Jacobs, Knoppers, Diekstra, & Sklad, 2015; Paquette, Hussain, Trudel, & Camiré, 2014). Apesar de um entendimento claro de como os treinadores esportivos aprendem (He, Trudel, & Culver, 2018), as pesquisas dessa área tem cunhado que a aprendizagem profissional é um processo idiossincrático (Werthner & Trudel, 2009) permeado por diferentes experiências que ocorrem desde a infância até a momento atual da carreira dos treinadores estudados (Brasil, Ramos, Barros, Godtsfriedt, & Nascimento, 2015; Ramos, Brasil, Barros, Goda, & Godtsfriedt, 2014). Deste modo, a agenda científica do coaching esportivo têm se apoiado no entendimento teórico que a aprendizagem é um processo que ocorre ao longo da vida, por meio de um conjunto de experiências que resultam tanto na aquisição de novos conhecimentos, quanto na modificação da sua própria identidade, ou seja, na biografia do treinador (Jarvis, 2006).
Especificamente nos esportes de aventura, a investigação sobre como os treinadores desenvolvem seus conhecimentos e competências ainda é incipiente. A complexidade dos diferentes contextos que esses profissionais atuam e as particularidades de cada modalidade limitam a transferência de uma “base comum” de conhecimentos e competências nos esportes de aventura. Além disso, o interesse social nos esportes de aventura parece ser um fenômeno recente (Thorpe & Wheaton, 2011). Exemplo disso, é a inserção de modalidades como Surfe, Skate e Escalada nos próximos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020 e o crescimento exponencial do esporte de participação em modalidades como kitesurfing, wakeboard, stand uppaddle e canoagem havaiana. Deste modo, percebe-se que o interesse social pelos esportes de aventura tem crescido de maneira acelerada, seja em relação ao desempenho esportivo ou à participação esportiva na busca pela saúde e qualidade de vida.
Considerando o crescimento recente na área dos esportes de aventura no Brasil, o campo profissional também parece estar se estabelecendo. Conteúdos em cursos de formação inicial e continuada ainda são incipientes, atendendo apenas modalidades específicas como o surfe (Brasil, Ramos, Milistetd, Culver, & Nascimento, 2018; Milistetd, 2015). A criação das federações e associações esportivas também parece estar em um momento embrionário, a exemplo da modalidade de canoagem havaiana que se estabeleceu a partir da demonstração nos Jogos Pan-americanos de 2007 (Confederação Brasileira de Canoagem [CBCa], 2019) e ainda não possui entidade representativa que ofereça cursos ou programas de formação de treinadores.
Portanto, mesmo com o crescente desenvolvimento da área profissional do treinador esportivo nas últimas duas décadas, do ponto de vista do estatuto profissional (reconhecimento social, direitos e deveres da atuação profissional) os treinadores de esportes de aventura não ascenderam ao mesmo patamar conquistado por treinadores de esportes convencionais. As demandas para o desenvolvimento de conhecimentos e competências e mesmo para o estabelecimento e consolidação do campo profissional são diferentes dos esportes que já possuem mais tradição e organização social no país.
Assim, ao compreender o momento atual dos esportes de aventura no país e com a pretensão de apresentar evidências que possam contribuir para as discussões acerca da demarcação do campo profissional do treinador de esportes de aventura no Brasil, o objetivo do presente estudo é descrever as situações episódicas da trajetória de vida de um treinador de canoagem havaiana no seu desenvolvimento e no estabelecimento do seu campo de atuação.
Métodos
Caracterização da Pesquisa
A presente pesquisa caracteriza-se como narrativa do tipo história de vida, uma vez que o fenômeno a ser estudado são as experiências de vida de um indivíduo pautadas em um ou mais episódios (Creswell, 2013). Quanto à abordagem do problema, utilizou-se métodos qualitativos para a obtenção dos dados, uma vez que o objetivo foi apresentar a história de vida de um dos indivíduos responsáveis pelo estabelecimento da canoagem havaiana em Florianópolis.
Participante do Estudo
Evandro Dornelles Carvalho, conhecido no seu campo de atuação como Alemão, é treinador e proprietário de um clube de canoagem havaiana local. A escolha intencional de um único participante se deu pelo seu envolvimento, destaque e reconhecimento no cenário nacional na modalidade, uma vez que ele é remador desde que a canoa havaiana chegou ao Brasil, seu clube está entre os maiores do país e atualmente é o maior do estado de Santa Catarina, o qual apresentou aumento exponencial de participantes nos últimos anos.
Instrumento de Coleta de Dados
Para a coleta dos dados realizou-se uma entrevista semiestruturada, em que as questões de partida foram elaboradas com base na técnica de incidentes críticos, que compreende um método retrospectivo que, por meio de situações determinantes e contextualizadas descreve padrões de comportamento, recursos, habilidades e conhecimentos do entrevistado (Hettlage & Steinlin, 2006).
Procedimento de Coleta de Dados
Inicialmente entrou-se em contato com o participante para introduzir o conteúdo da presente pesquisa e convidá-lo para participar da mesma. Neste primeiro momento todos os aspectos éticos foram mencionados. Após o aceite voluntário em participar, marcou-se uma entrevista na data e local mais conveniente para o participante, a qual foi realizada no dia 25 de julho de 2018 e teve duração de 58 minutos. Após a transcrição, os dados da entrevista foram enviados ao entrevistado para a conferência e aceite das informações apresentadas. Por fim, foi realizada uma nova entrevista para o levantamento de informações complementares e foi efetuada a assinatura do termo de cessão de direitos para uso de informações pessoais.
Análise e Apresentação dos Dados
A análise de dados foi realizada pela análise espiral de Creswell (2013), conforme a Figura 1:
Os seis tópicos da espiral foram seguidos progressivamente: inicialmente fez-se a coleta dos dados por meio da entrevista (duração de 58 minutos); seguido para o gerenciamento dos dados, que se deu pela transcrição da entrevista em documento no software Microsoft Office Word 2013 (total de 12 páginas); posteriormente fez-se a leitura da transcrição, a qual envolveu a imersão do pesquisador principal nos dados, assim como possibilitou a realização de pequenas anotações ao longo da leitura (primeiras separações); a seguir fez-se a descrição, classificação e interpretação dos dados, em que foram criados códigos iniciais (agrupamento em 21 códigos), os quais posteriormente foram agrupados em temas (infância, inserção na canoagem havaiana, trilhando por um novo caminho, a estruturação do clube, consequências do crescimento: positivas e negativas, busca constante por conhecimento e dias atuais); o quinto tópico foi a representação e visualização dos dados, os quais foram apresentados em forma cronológica em linha do tempo; por fim fez-se o relato dos dados. Este relato refere-se à apresentação dos resultados, o qual seguiu o modelo narrativo, em que a história do entrevistado foi contada na sequência cronológica dos fatos (Creswell, 2013) e por meio de vinhetas do tipo retrato.
Composição de Vinhetas
O uso de vinhetas como forma complementar aos métodos qualitativos de pesquisa não é uma prática tão recente (Barter & Renold, 1999), inicialmente seu uso envolvia a criação de histórias sobre personagens fictícios em determinadas circunstâncias para obtenção de dados em entrevistas (Finch, 1987). Entretanto, com o passar dos tempos outro uso foi atribuído a elas, utilizando-as como uma estratégia de documentação de resultados por meio de histórias (Blodgett, Schinke, Smith, Peltier, & Pheasant, 2011).
A partir desta nova funcionalidade atribuída às vinhetas, surgiram três diferentes tipos de representação: (a) instantânea, que são desenvolvidas a partir de observações; (b) retrato, que apresenta as características e experiências do entrevistado; e (c) composta, que reúne experiências de diversos participantes em uma única história (Spalding & Phillips, 2007).
Essas três possibilidades de representação fazem com que o autor seja capaz de dar voz aos seus participantes, ressaltando suas atitudes e crenças (Hughes, 1998; Spalding & Phillips, 2007). Além disso, permite com que os resultados sejam apresentados de forma criativa e acessível, bem como torna-o mais atrativo ao leitor (Spalding & Phillips, 2007). Assim, acredita-se que por essas características e pela confiabilidade como método complementar que as vinhetas têm ganhado aceitabilidade no campo da pesquisa qualitativa (Blodgett et al., 2011; Callary et al., 2012; Schinke, Blodgett, McGannon, & Ge, 2016).
Desta forma, com objetivo de tornar os resultados mais atraentes e dar voz ao entrevistado, optou-se em utilizar vinhetas do tipo retrato para apresentar a trajetória de vida do treinador/empreendedor participante. Assim, todas as vinhetas apresentadas na seção dos resultados foram produzidas a partir da análise minuciosa dos dados por parte dos pesquisadores. Por sua vez, a escrita das vinhetas foi realizada em primeira pessoa no papel do entrevistado, contendo alguns segmentos íntegros da transcrição da entrevista.
Posicionamento do Autor
A primeira autora do presente estudo está envolvida com esportes de aventura tanto no contexto acadêmico como prático. Porém, sua participação especificamente na canoagem havaiana é recente e foi iniciada no mesmo clube que atua o participante do estudo. Desta forma, ela apresenta estreita relação com o investigado, uma vez que este foi seu treinador. Essa relação contribuiu sobremaneira para o estabelecimento da relação de confiança entre a pesquisadora e o entrevistado, bem como na obtenção de informações detalhadas sobre a sua história de vida.
Aspectos Éticos
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos, sob o parecer nº 3.332.626. Assim, todos os procedimentos éticos foram respeitados durante sua condução. Após o entrevistado ter sido informado dos procedimentos da pesquisa, bem como seus riscos, este aceitou voluntariamente a participar.
Apesar de oferecer anonimato ao participante, como sugerido por padrões éticos de pesquisa, o mesmo optou por ser referido pelo seu nome real. Assim, o entrevistado assinou um termo de responsabilidade baseado na resolução n° 510, de sete de abril de 2016, conferindo o uso de seus dados de modo definitivo no presente trabalho. O uso de nomes reais em estudos de caso científicos no contexto do treinador esportivo já é uma prática recorrente (Duarte & Culver, 2014; Kavanagh, 2012), devido a tamanha representatividade destes personagens para a comunidade esportiva em que estão inseridos. Ressalta-se, por fim, que demais indivíduos ou estabelecimentos citados durante a entrevista foram alterados por pseudônimos.
Resultados
Os resultados abaixo estão divididos em vinhetas referentes aos sete temas da análise dos dados: infância, inserção na canoagem havaiana, trilhando por um novo caminho, a estruturação do clube, consequências do crescimento: positivas e negativas, busca constante por conhecimento e dias atuais.
Infância
Eu me chamo Evandro Dornelles Carvalho, mas pode me chamar de Alemão. Sou natural do Rio Grande do Sul, de Farroupilha, uma cidadezinha da Serra Gaúcha sem condições nenhuma para a prática de canoagem. Apesar disso eu sempre fui muito ligado ao esporte, sempre gostei de pedalar, brincar no mato, pescar com meu pai, andar de bicicleta, carrinho de lomba, esse tipo de coisa.
Infelizmente por volta dos meus 10 anos de idade o meu pai faleceu, foi um momento difícil, naquela época minha mãe tinha resolvido pegar tudo para nos mudarmos para Florianópolis. Quando chegamos na cidade nós fomos morar perto do meu tio, que morava na Lagoa da Conceição. Eu lembro que fiquei encantado com aquela lagoa imensa que tinha lá e, quando vi que meu tio tinha um caiaque nos fundos da casa, eu não perdi tempo, já peguei e fui logo remar. Os dias se passaram, eu comecei a frequentar uma nova escola e assim fui me adaptando à cidade. Logo já tinha criado a minha própria rotina, ia para a escola e no fim de cada dia ia remar na lagoa.
Em mais um dia comum, ou não tão comum assim, eis que surge a divulgação de um projeto social de caiaque na minha escola. Esse era um projeto em que remadores da seleção brasileira de caiaque oceânico iriam ensinar as crianças a remar durante um período de três meses. Assim que eles apresentaram o projeto eu fiquei todo entusiasmado, já me prontifiquei e fiquei ansioso para começar. Esse projeto foi ótimo para mim, porque além de eu me divertir muito, foi onde eu realmente aprendi a remar.
Inserção na canoagem havaiana
Infelizmente os três meses se passaram e o projeto chegou ao fim, mas eu não queria, em hipótese alguma, parar de remar, então voltei ao caiaque do meu tio. Neste meio tempo chegou a primeira canoa havaiana no Brasil, lá em Santos - São Paulo. Não demorou muito e o Theo, proprietário do clube Lagoa Canoa, trouxe uma canoa para Florianópolis. Ele sempre passava por mim quando eu estava remando, me via lá todos os dias, debaixo de chuva ou de sol. Em um desses dias ele me convidou para remar no clube dele com a nova canoa e eu, todo empolgado, aceitei na hora. E isso me marcou muito, porque desse dia em diante eu nunca mais parei de remar.
O tempo foi passando, eu cresci, na época já era adolescente e cada vez mais eu me apaixonava pela canoagem havaiana, eu participava de toda remada do clube, estava sempre lá envolvido com alguma atividade. Mas com o passar do tempo as minhas ideias e as do Theo começaram a ficar muito divergentes, até que um evento fatídico aconteceu.
Era 2007, o Brasil ia sediar os Jogos Pan-Americanos e a tocha ia passar pela lagoa de remo. Eu tinha achado aquilo incrível, já estava imaginando toda a galera do clube indo junto de canoa havaiana, seria ótimo fazer parte do evento e ainda por cima divulgar o nosso esporte. Mas infelizmente nada disso aconteceu, para mim este seria um momento marcante para divulgar o nosso esporte, mas para o Theo seria apenas mais um dia de trabalho.
Neste dia eu fiquei desconsolado com tudo o que havia acontecido, depois de muito pensar eu compreendi que nossas filosofias eram diferentes demais para eu continuar lá, então eu resolvi que ia sair do clube, falei com os meus colegas o que eu tinha achado da situação e que eu estava indo embora. Quando me dei conta várias pessoas estavam pensando como eu, também estavam insatisfeitas com o que vinha acontecendo, então elas resolveram sair também. Naquele momento eu não pensei em fazer um motim, eu simplesmente expus meus pensamentos, as outras saídas foram consequência.
Só que depois disso eu fiquei com um problema, como é que eu ia continuar remando sem canoa? Então eu e o Matheus, meu amigo contador que também tinha saído do Lagoa Canoa, começamos e pensar em possibilidades, até que encontramos um edital de apoio e incentivo ao esporte.
Trilhando por um novo caminho
Nós concorremos ao edital e conseguimos! O projeto era para ensinar crianças de uma comunidade carente a remarem de canoa havaiana, nós teríamos que dar aulas aos sábados por um período de dois anos e sem receber nenhum auxílio financeiro por isso. Em contrapartida, depois que o projeto terminou nós ganhamos todos os materiais, o que incluiu principalmente as duas canoas havaianas.
Com o fim do projeto lá estávamos nós com duas canoas, sem nem pensar muito já levamos elas logo de volta para a lagoa. No desejo e na necessidade de manter elas em ação, nós resolvemos formar uma associação de amigos, então passamos a combinar horários para irmos remar juntos, já que para conseguir sair precisaríamos de pelo menos quatro pessoas na canoa.
Com o passar do tempo esse sistema de combinar horários não foi mais eficiente, porque nem sempre a gente conseguia a quantidade necessária de pessoas para remar, assim surgiu a ideia de abrir o espaço para mais gente. Só que essa transformação de associação para um negócio demandaria a presença de alguém fielmente em todas as remadas, que fosse ponta firme mesmo, e esse alguém fui eu.
Até que em maio de 2013 algo inesperado aconteceu, meu telefone tocou, do outro lado da linha estava o Matheus. Ele passou por um problema pessoal e precisou se desfazer da sociedade, assim me ofereceu a sua parte, que seria a compra da canoa que havia ganho no projeto.
Naquele momento eu percebi que aquela era a oportunidade que eu precisava, mesmo não tendo dinheiro nenhum para investir na canoa dele, que na época custava em torno de 20 mil reais, eu sabia que eu precisava dela. Imediatamente após falar com o Matheus eu liguei para a minha avó para pedir um empréstimo, ela foi muito compreensiva com a situação e na hora já me mandou o dinheiro e eu, sem esperar, já transferi para o ex-sócio.
No fundo eu sabia que ele ia se arrepender, tanto que em seguida ele entrou em contato comigo tentando desfazer a situação, mas já era tarde demais, já estava feito. A partir daí a associação se transformou em um clube.
A estruturação do clube
Agora com duas canoas e com o aumento de remadores fixos eu precisei estruturar meu novo clube. Inicialmente passei a cobrar uma mensalidade, coisa que eu não era muito a favor, mas foi necessário. Com o clube total sob minha responsabilidade eu pude colocar minha filosofia em prática, que era ter o clube mais popular possível. Desta forma, a mensalidade começou com um valor muito baixo, por volta de R$30,00/mês, o suficiente para bancar a nova estrutura.
Mas o clube foi aumentando, mais turmas foram sendo criadas e as necessidades começaram a surgir, então eu não conseguia dar conta de tanta turma sozinho, precisava contratar alguém para me ajudar. Para cobrir os novos gastos, com muito custo eu me convenci de que precisava aumentar a mensalidade para R$40,00. E assim tudo foi se estruturando, novas demandas foram surgindo e eu fui respondendo. A quantidade de alunos foi crescendo e a infraestrutura precisaria suportar, assim eu mudei o clube para um novo espaço com estacionamento e vestiários, mais tarde montei uma tenda onde pude guardar os materiais e oferecer um espaço com café após as remadas. Todas essas mudanças levaram a novos aumentos na mensalidade, os quais só sofrem alterações conforme reais necessidades, porque ganhar muito dinheiro com a canoa nunca foi minha ideia, no fim das contas eu só queria remar.
Consequências do crescimento: positivas e negativas
Com o crescente número de alunos no clube e a quantidade de novas turmas, eu passei a precisar de mais materiais, principalmente de remos. Como eu fiz o curso de graduação em engenharia mecânica e trabalhei em uma fábrica de canoas, usei esse conhecimento para produzir alguns remos para mim e para usar nas aulas.
Em mais um dia de trabalho eis que chega um turista do Rio de Janeiro que foi conhecer o clube. Lá foi ele se preparar para a aula, escolheu um remo como todos os outros alunos e foi remar. Ele ficou impressionado com a qualidade e leveza do remo que usou, ao saber que eu que tinha feito, quis logo comprar um.
Apesar de eu produzir apenas para mim e para uso interno no clube, eu resolvi fazer e vender o remo ao turista, logo mais, alunos foram pedindo por seus próprios remos, mais pedidos começaram a surgir do Rio de Janeiro e atualmente aquele primeiro remo que eu fiz se multiplicou para 927 remos vendidos. Mesmo com essa novidade eu ainda mantenho minha filosofia popular, meu remo custa cerca de três vezes menos daqueles que estão no mercando e, ainda assim, equivale e até mesmo supera a qualidade.
Mas nem só por consequências boas eu passei. Eu não gosto de competição e sempre deixo isso claro para os meus alunos, eu acredito que competir desfaz os clubes, porque as pessoas passam a cobrar tanto umas das outras que isso reflete negativamente no conjunto. Desta forma, a minha maior dificuldade foi aprender a lidar com o ego das pessoas, com a necessidade da competição, tirar da cabeça delas que para a canoa a competição não é legal. De forma geral meu objetivo foi alcançado, mas infelizmente durante o processo alguns casos precisaram ser tratados de forma direta, ao ponto de eu ter tido que convidar algumas pessoas a se retirar do clube.
Busca constante por conhecimento
Apesar de todo o conhecimento que eu adquiri nos anos de experiência com o caiaque e a canoagem havaiana, eu não me torno refém do que aprendi na prática, estou sempre em busca de informação, seja ela na internet ou em cursos de nível superior. Eu já cursei três faculdades: automobilística, engenharia mecânica e educação física, todas elas com um propósito de aplicar o conhecimento na prática. A primeira delas, a automobilística, eu cursei com o intuito pessoal de construir o meu próprio carro, um buggy. Depois eu comecei a ter muito interesse em aprender a calcular para construir coisas, então eu cursei engenharia mecânica, em que posteriormente apliquei na produção de remos. Por fim, com as demandas do grande clube, eu senti que precisaria aprender a lidar com gente, então busquei a licenciatura em educação física. Além disso, eu não gosto de manter as coisas sempre iguais, assim estou sempre mudando a minha prática, pensando em alterações nas técnicas e testando coisas novas.
Dias atuais
Hoje eu me sinto muito realizado, porque trabalho com o que realmente gosto, eu vivo da canoa e para a canoa. E esse meu gosto de lidar com gente me faz sempre querer agradar as pessoas, então eu faço de tudo para isso acontecer, porque no fim das contas o que eu realmente quero é deixar as pessoas felizes.
Depois de toda essa minha trajetória eu cheguei aonde estou, meu clube tem sete turmas regulares e mais de 200 alunos ativos. Apesar de eu não me considerar um empreendedor e acreditar que tudo o que passei aconteceu de forma natural, nem por isso eu me deixo ficar estagnado, eu não gosto disso, estou sempre em busca de novos desafios, como agora, já estou pensando nos próximos passos.
Discussão
A trajetória pessoal do entrevistado no contexto da aventura teve início logo na infância, a partir do envolvimento em brincadeiras realizadas em ambientes naturais e posteriormente na prática dos esportes caiaque e canoagem havaiana, as quais ocorreram tanto de forma independente quanto sistematizada. Segundo Brasil et al. (2015), essas experiências geralmente iniciam na infância e possuem caráter lúdico, ao mesmo tempo que são praticadas em momentos de lazer. A partir do direcionamento dessas atividades para um esporte específico, a prática começa a ser realizada em contextos organizados, como em projetos extracurriculares e clubes (Brasil et al., 2015), como ocorreu com o investigado no projeto escolar e posteriormente no clube de canoagem havaiana.
Os significados atribuídos a essas experiências de envolvimento inicial no esporte de aventura leva os indivíduos a se manterem envolvidos nas fases seguintes, principalmente pela relação estabelecida com a natureza, a sensação de renovação e desafio (Ramos et al., 2014). Desta forma, o envolvimento desde a infância com o ambiente natural, com atividades e esportes de aventura de forma positiva e lúdica, parece ter conduzido o investigado na inserção e continuidade na canoagem havaiana na fase seguinte.
No caso do entrevistado, a participação no clube de canoagem havaiana como praticante se manteve durante a adolescência e início da fase adulta. Ele passou a ser agente assíduo em todas as remadas e aos poucos passou a se envolver de forma mais atuante nas atividades do clube. O maior envolvimento na fase da adolescência parece ser comum ao processo de formação esportiva (Côté, 1999), principalmente sob aqueles que assumem papel ativo dentro do grupo social inserido, uma vez que as experiências dessa fase parecem modelar as ideias, vontades e interesses, influenciando a escolha profissional como treinador (Brasil et al., 2015). Essa aproximação do papel de treinador parece ser influenciada pelo estágio avançado de conhecimentos práticos desenvolvidos pelo indivíduo (quando no papel de praticante), pela formação da identidade (como parte pertencente da comunidade do esporte) e pela aculturação dos elementos da modalidade (Brasil et al., 2015; Ellmer, Rynne, & Enright, 2019). Desta forma, a especificação de uma modalidade e o envolvimento intensivo como agente ativo no contexto social do esporte durante a fase da adolescência e início da fase adulta, parecem direcionar para a escolha da carreira como treinador.
Esse progresso pode ser identificado na trajetória do treinador entrevistado, em que antes de criar seu próprio clube ele assumiu papel mais ativo nas atividades desenvolvidas pelo treinador do clube em que participava. Segundo Tozetto et al. (2017), a convivência e a observação de treinadores mais experientes contribuem para a aprendizagem de conhecimentos específicos do esporte. Essa aprendizagem pode ocorrer de forma intencional ou não intencional, por meio de exemplos positivos e até mesmo negativos (Callary et al., 2012; Tozetto et al., 2017). Embora nessa fase de transição (do papel de praticante para treinador) a busca pelo conhecimento ainda não seja intencional, a aprendizagem ocorre, porém só se torna consciente em um momento futuro (Brasil et al., 2015). De acordo com Brasil et al. (2015), essas situações de aprendizagem são principalmente advindas das experiências como praticante e das interações com treinadores mais experientes, conhecido como mentoring. No caso do treinador entrevistado, apesar de o fim da sua participação no clube Lagoa Canoa ter sido por uma experiência negativa com seu treinador, onde houve choque de filosofias e ideais, este período prolongado que esteve envolvido na canoagem havaiana foi onde houve a incorporação da cultura desse esporte ao seu estilo de vida.
A partir desse episódio e ainda pertencente à identidade e cultura da canoagem havaiana, o investigado buscou trilhar por novos caminhos e optou por se tornar treinador. Essa transição praticante-treinador no início da fase adulta parece ser comum à trajetória de treinadores (Brasil et al., 2018; Duarte & Culver, 2014), uma vez que há aproximação da necessidade (atuação profissional) e da identidade (praticante de uma modalidade de aventura). Com a inserção na carreira de treinador surgiu a necessidade de obtenção de conhecimentos para atuar com o coaching. É partir dessas experiências de coaching que os treinadores passam a desenvolver sua filosofia de trabalho e modificar sua biografia, tornando-se cada vez mais efetivos (Tozetto et al., 2017). Entretanto, como o caso investigado trata-se de uma modalidade de aventura recente, outras demandas foram percebidas, como a necessidade de criação do próprio clube, estabelecendo com isso o campo de atuação profissional.
Ao compreender que o cenário da canoagem havaiana no Brasil ainda é pouco explorado, haja vista que sua chegada é recente, por volta dos anos 2000, aditivamente com a Associação Brasileira estabelecida apenas no ano de 2017, pode-se perceber que a modalidade encontra-se em fase de crescimento e estruturação, o que faz com que o modo de adentrar esse contexto de forma profissional parta exclusivamente do indivíduo já envolvido com a modalidade (Confederação Brasileira de Va’a [CBVAA], 2017). Mas não só a canoagem se encontra nesse cenário, esta parece ser uma característica recorrente dos esportes de aventura, uma vez que as entidades nacionais representativas ainda são recentes ou até mesmo inexistentes, o que provavelmente é reflexo da até então falta da necessidade de sua criação, o que pode ser visto, por exemplo, nas modalidades incluídas nos Jogos Olímpicos de Verão 2020 e na data de criação de suas entidades (escalada: 2004 e surf: 1998) (Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada [CBME], 2016; Confederação Brasileira de Surf [CBSURF], 1998). Desta forma, apesar de acreditar que a inclusão destas modalidades no megaevento impulsionará o crescimento e estruturação dos demais esportes de aventura, haja vista a tamanha repercussão e visibilidade proporcionada por este, ainda assim acredita-se que cabe a quem está no campo prático galgar por espaços, o que pode ser iniciado pelo estabelecimento do campo de trabalho, como foi o caso do entrevistado ao se engajar na estruturação do clube.
Importante registrar que o estabelecimento do campo de atuação foi acompanhado pela busca constante de conhecimentos que pudessem suprir as necessidades da intervenção profissional, sejam elas relativas aos materiais e equipamentos esportivos ou às metodologias de ensino, especialmente no que concerne a relação treinador-aluno.
A busca por conhecimentos se deu em todos os contextos de aprendizagem (formal, não-formal, informal), sendo os formais (faculdades cursadas) e informais (situações práticas e busca por conteúdo online) os mais evidenciados. Para o treinador investigado, a principal motivação para adentrar a formação superior em Educação Física foi a busca por conhecimentos interpessoais, para aprender a se relacionar com os alunos dentro do contexto esportivo. Esse resultado corrobora os achados de Rodrigues, Paes & Souza Neto (2016) sobre o papel dos cursos de Educação Física na formação de treinadores. No estudo conduzido com treinadores de jovens atletas de basquetebol, os cursos de Educação Física foram preponderantes na apropriação de conhecimentos vinculados às ciências da educação (psicologia, pedagogia e didática), o que contribuiu para aprendizagem de temas como a relação treinador/aluno e as metodologias de ensino dos esportes. Embora os cursos de formação superior sejam percebidos por treinadores como um ambiente de aprendizagem de conhecimentos gerais da profissão, em que os conhecimentos são muito teóricos, quando tem-se a possibilidade de fazer estágios na modalidade pretendida de atuação, há maior valorização, pois tem-se a oportunidade de aplicar a teoria na prática (Tozetto et al., 2017). Apesar dos cursos de formação inicial em Educação Física incluírem esportes de aventura em sua grade curricular, esses são tratados de forma generalista, pois inclui todos os esportes possíveis em uma única disciplina e nem todos os cursos oferecem estágio na área (Figueiredo, 2012; Milistetd, 2015). Desta forma, apesar da área da Educação Física incluir sutilmente os esportes de aventura em sua grade, ela ainda não consegue suportar totalmente as necessidades dos treinadores dessas modalidades.
Por fim, ressalta-se a capacidade do treinador entrevistado de correlacionar conhecimentos em momentos reflexivos internos para alterações e modificações constantes da prática, que refletem positivamente no seu desenvolvimento e estabelecimento do campo. Essa prática reflexiva é uma forma de potencializar a aprendizagem e influencia diretamente na biografia do indivíduo, levando-o a melhorias no seu desenvolvimento e potencializando a aprendizagem de seus alunos (Jarvis, 2006; Tozetto et al., 2017).
Conclusão
A aprendizagem profissional de treinadores pode ser compreendida a partir de episódios significativos ao longo da trajetória de vida. A partir da trajetória do treinador entrevistado, foi possível identificar os episódios que contribuíram para o estabelecimento e desenvolvimento do próprio campo de atuação. O seu envolvimento com esportes de aventura desde a infância, bem como a permanência na adolescência, foi marcante para o engajamento na trajetória profissional como treinador de canoagem havaiana. Desta forma, acredita-se que a relação do treinador de esportes de aventura com o ambiente natural e com essas modalidades desde a infância podem gerar grande significado, o qual afeta demais episódios da sua vida, como a escolha e permanência da carreira de treinador.
Embora a entrada do Alemão nessa carreira ter iniciado como uma possibilidade de se manter envolvido com a canoagem havaiana, ele se deparou com um cenário duplamente novo, em que ao mesmo tempo que mudou seu papel de praticante para treinador, também teve que desbravar o campo de atuação. Este parece ser um cenário comum a demais modalidades de aventura, as quais carecem de suporte de entidades representativas que desenvolvam tanto a modalidade quanto os treinadores, principalmente por meio de cursos de formação. Desta forma, a aprendizagem de treinadores de modalidades de aventura emergentes parece se dar por outros contextos. Para o treinador entrevistado, esses contextos permearam principalmente os informais, a partir das experiências práticas e buscas em conteúdo online; e os formais, a partir de cursos de nível superior em áreas nas quais ele acreditava que supria alguma necessidade sua, não necessariamente a específica da profissão. Embora seu envolvimento no curso de formação superior em Educação Física tenha contribuído na atuação prática, o curso parece atender apenas parcialmente às demandas da atuação no âmbito do esporte de aventura.
Apesar da trajetória profissional do Alemão ter sido positiva, em que ele conseguiu se desenvolver como treinador e, ao mesmo tempo, estabelecer o próprio campo de atuação sem suporte de nenhuma entidade esportiva, esta pode não ser a realidade de outros treinadores.
A despeito dos avanços obtidos no estabelecimento do campo de atuação, há ainda o desafio de consolidar esse campo, o que perpassa pela demarcação da base de conhecimentos para atuar e a definição dos dispositivos de formação capazes de oferecer a preparação profissional nesse campo. Assim, acredita-se que a trajetória profissional pode ser potencializada pelo suporte de entidades representativas na formação de seus treinadores e pela integração desse debate à formação profissional em Educação Física.
A partir da trajetória de vida do treinador entrevistado, o presente estudo busca contribuir na literatura acerca da formação profissional de treinadores, iniciando debates acerca das necessidades de esportes de aventura emergentes e, desta forma, aponta a necessidade de demais estudos com treinadores de diferentes modalidades de aventura.
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Recepción: 12 Septiembre 2019
Aprobación: 26 mayo 2020
Publicación: 01 junio 2020